A artista israelita Vered Brett, de 43 anos, é uma das muitas residentes estrangeiras no Monte Estoril. Embora não esteja completamente aberto ao público, o seu estúdio caseiro — que fica no amplo sótão da sua moradia — pode ser visitado através de marcação. É lá que Brett pinta a sua arte abstracta, muito inspirada nos tons naturais que encontramos na costa de Cascais: as cores das rochas, do terreno arenoso, do oceano sob um céu nublado.
Embora esteja completamente remodelada, a sua casa tem uma história interessante: segundo a artista, aquela foi, em tempos, uma habitação da célebre atriz portuguesa Rosa Damasceno, que morreu em 1904 e era uma conhecida amante do rei D. Luís I. “Sinto que a energia criativa ainda ali reside”, diz Vered Brett à Timeout.
Antes do Monte Estoril, a israelita esteve sete anos em Londres, com o seu marido. Mudaram-se para Portugal no início de 2021, alguns meses após o Brexit, procurando permanecer na União Europeia e ao mesmo tempo indo em busca de uma vida mais pacata, num sítio menos agitado. “Eu trabalhava na área do marketing, deixei de trabalhar quando viemos para aqui e, em conversa com alguém sobre o que poderia fazer, alguém mencionou a arte.”
Vered Brett já pintava como hobbie há muito tempo, apostando em pinturas realistas, que não a realizavam propriamente. Depois de fazer um curso à distância com um pintor abstracto norte-americano, começou a construir a sua própria identidade. “Mudar-me para Portugal deixou-me mais confortável, houve algo que se desbloqueou”, explica. “O calor das pessoas, a comida fresca, o clima… É muito diferente de Londres.”
Para si, pintar é um “processo de cura”, e a pintora espera que as suas obras possam fazer o mesmo por outras pessoas. “Espero que possa inspirar outros a perderem os seus receios, a serem vulneráveis, a que se abram.” Esta sexta-feira, 8 Março, é a inauguração da sua nova exposição, “Whispers From The Coast”, que estará patente na Ode Winery, no Cartaxo, até 13 de Abril. Para o futuro, Vered Brett ambiciona abrir um atelier-galeria que possa estar completamente aberto ao público ali no Monte Estoril — e já tem outras exposições em vista. A partir de 15 de Junho terá uma mostra na CNAP, em Lisboa, a galeria que agora a representa.