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Muitas vezes as boas ideias são simples. Parece ser o caso. Mário Nogueira e Ana Margarida Saraiva, ele saxofonista e ela clarinetista da banda filarmónica da Sociedade Musical União Paredense (a mítica e centenária SMUP), são dois apaixonados por caminhadas na natureza. Juntar-lhes a música foi evidente. Mas este é um daqueles casos em que juntar 1 +1 não é igual a 2. Além de 1) música e 2) natureza, as Caminhadas com Música da SMUP são também 3) uma forma de angariar dinheiro para comprar instrumentos musicais (com os donativos da inscrição), 4) divulgar a escola de música e a banda da SMUP, 5) desafiar dois jovens músicos da banda a prepararem uma apresentação mensal, e 6) deixar cerca de 30 pessoas felizes ao ponto de até voltarem noutro mês, para fazerem outro percurso e ouvirem outros músicos. A próxima está marcada para 27 de Janeiro, às 09.30, com partida na Igreja de Nossa Senhora da Ulgueira (Ulgueira).
A ideia inicial era que os passeios tivessem três partes, conta Mário Nogueira: uma parte de História e histórias da música, outra de voz e uma terceira de instrumento, com solistas da banda da SMUP a tocarem. “Mas fomos afinando”, explica. “Por exemplo, a voz. As pessoas parecem envergonhadas e então pusemos de lado. Mas, nesta última caminhada, não levámos instrumentos porque a previsão ameaçava chuva, experimentámos outra vez e correu muito bem. Fizemos uns exercícios de harmonia e no final resultou, ficou um som bonito e estava toda a gente muito contente por terem conseguido aquilo.” E já há novas ideias na calha, que foram apresentadas como parte do projecto entregue à Câmara de Cascais. Mário falou com a professora de Coro do ano passado e... ela disse que sim, que gostava de experimentar uma caminhada de voz. Também no Conservatório de Cascais, falou com um professor que pudesse fazer uma caminhada “com História da Música à séria” e é bem possível que se venha a concretizar. É tudo uma questão de agenda. “O nosso maestro, o Sérgio [Costa], que é percussionista, deu a ideia de levarmos alguns instrumentos de percussão, porque é difícil pôr as pessoas a tocarem um saxofone, um clarinete ou um trombone. Mas a caixinha, um batuquezinho, uma pandeireta é possível, é distribuir e tentar tocar alguma coisa. O Sérgio é maestro, portanto, ninguém melhor do que ele para gerir aquilo [risos]. A ideia é tentar envolver mais as pessoas para as levar ao gosto pela música e sentirem que a música não é uma coisa que assusta, aquilo até é divertido.”
No projecto que apresentaram à Câmara pedem também um apoio para o transporte e os seguros. A ideia era ter um autocarro na SMUP que levasse e trouxesse as pessoas. “Nós temos preocupações ambientais e não faz sentido levar 40 carros para a serra. Estamos ao lado da estação da Parede e as pessoas podem vir de comboio até aqui. Gostávamos de fazer da SMUP o centro das caminhadas. As pessoas assim encontravam-se aqui, ficavam a conhecer a SMUP, viam o que nós fazemos.”
De pedra e cal no projecto está o número de pessoas por caminhada e o preço. “Nós somos uma sociedade que está aqui para a população, por isso não vamos cobrar mais. O donativo são 5 euros, mas, curiosamente, tem havido muita gente que toma a iniciativa de dar mais.” As inscrições estão limitadas a 40 participantes. “Não vamos aceitar mais porque a ideia é que as pessoas interajam entre elas e estejam à vontade para fazerem perguntas; se forem muitas, ficam constrangidas.”
Além de subir a montanha uma vez por mês, a música da SMUP vai à praia uma vez por ano, à boleia da iniciativa A Banda vai à Praia. Enquanto esperamos pelo próximo Verão para ver como é, vamos saindo com a sociedade que não sabe estar quieta. Este ano, os donativos já permitiram comprar três clarinetes.
Caminhada com Música da SMUP. www.facebook.com/smup.parede. Sáb, 27 Jan, 09.30. Ponto de encontro: Igreja de Nossa Senhora da Ulgueira (Ulgueira).