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Bela Silva na Loja das Meias: “A roupa é como o barro, tem essa capacidade de transformar”

A exposição “As Janelas da Bela” inaugura esta quarta-feira, 9 de Abril. Acompanhámos as montagens nas montras da Loja das Meias com a ceramista lisboeta.

Ricardo Farinha
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Ricardo Farinha
Bela Silva, Loja das Meias
Rita Gazzo
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É inaugurada esta quarta-feira, 9 de Abril, a exposição da ceramista Bela Silva nas montras da Loja das Meias, no centro de Cascais. “As Janelas da Bela”, com curadoria de Carlos Pissarra, podem ser vistas até 23 de Abril. Natural de Lisboa e a viver entre a capital portuguesa e Bruxelas (na Bélgica) e Paris (em França), a artista tem uma carreira internacional consolidada e raramente expõe em Portugal.

“Foi um convite inesperado, já há muito tempo que o Carlos queria fazer alguma coisa comigo. Convidou-me e eu disse-lhe que sim também porque é uma loja que já conheço desde miúda. Fazia parte da época das minhas tias, com essa tradição toda, e têm bom gosto, estão sempre a conhecer novos criadores”, diz Bela Silva à Time Out Cascais, durante as montagens da pequena mostra.

A ceramista mantém uma ligação íntima com o universo da moda – a sua mãe trabalhava no sector e desenhava peças de roupa, pelo que o interesse pelos tecidos permaneceu como herança familiar.

Bela Silva, Loja das Meias
Rita Gazzo

“A moda transforma – conseguimos mudar e parecermos diferentes pessoas consoante a roupa que metermos. É como o barro, estamos sempre a criar coisas novas. A roupa tem essa qualidade de nos transformar”, afirma, aludindo à plasticidade de ambos os contextos, “mundos que se tocam”.

Bela Silva já estava a preparar esta série de peças de cerâmica quando recebeu o convite de Carlos Pissarra. “Das peças que estava a fazer, escolhi as que faziam mais sentido para aqui, as que tinham uma ligação aos tecidos e aos têxteis. Escolhemos pelo tamanho e pelas cores, elas também têm uma ligação com o padrão. Normalmente, quando pego no formato de vaso, costuma ser muito trabalhado no relevo, mas aqui quis ir mais pela pintura – o desenho também faz parte do meu trabalho, para mim é o início de tudo.”

Bela Silva, Loja das Meias
Rita Gazzo

Depois, Carlos Pissarra e a equipa da Loja das Meias, uma casa com mais de 100 anos de história e há mais de três décadas naquele local em Cascais, que foi totalmente remodelado em Março de 2024escolheram os locais para instalar cada peça. 

“Nunca pensei em usar estes plintos espelhados para o meu trabalho, mas gostei desta combinação. Acho que vou adoptar porque espelha a forma, o desenho, e acaba por se ver de outra perspectiva”, contextualiza. “Nestas peças há sempre a temática da natureza, que é uma constante... e depois as cores, que são as habituais, os azuis turquesa, os verdes... Mas aqui também existe uma ligação à cerâmica chinesa, com o fundo em preto, que não é habitual eu usar no meu trabalho.”

Bela Silva, Loja das Meias
Rita Gazzo

Por ser raro expor em Portugal mas também pela ligação estreita que Cascais tem com o mar, Bela Silva aceitou o desafio de expor numa loja. “Estar perto do mar para mim é muito importante, uma pessoa vive entre cá e lá e já não sabe bem de onde é, mas mantive sempre essa ligação com o mar. De ir para a praia em miúda e ficar com as mãos roxas, de descer a Rua do Alecrim em Lisboa e ver o rio ao fundo, há sempre essa ligação constante à água.”

As peças, que podem ser vistas até 23 de Abril, estão à venda. “Seria fantástico se ficassem em Portugal, porque não tenho muitas peças a ficar cá. Estão espalhadas pelo mundo.”

Bela Silva, Loja das Meias
Rita Gazzo

Depois de “As Janelas da Bela”, Carlos Pissarra quer fazer outras exposições temporárias na Loja das Meias, desafiando outros artistas a usarem o espaço no centro da vila como galeria para o seu trabalho.

Avenida Valbom, 4, Cascais. 9-23 de Abril. Seg-Sáb 10.30-19.00. 21 482 0375

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