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Corleone, ou o restaurante italiano que ainda não existia em Cascais

Depois do Bougain, não muito longe, Miguel Garcia abriu o Corleone, em plena Baía de Cascais.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Corleone
Francisco Romão Pereira
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Da rua, a esplanada chama imediatamente à atenção. Não é para menos: a varanda do hotel Villa Cascais, onde fica o Corleone, é bonita, mesmo em dias cinzentos, como aquele que apanhámos na nossa visita. As cores sóbrias, mas vivas, chamam por quem passa. E não é diferente no interior, onde reinam os tons amarelos e azuis, veranis, como Cascais, mas também como o sul de Itália, que inspiraram Miguel Garcia a fazer um restaurante italiano como ainda não existia na vila. 

“Em Cascais, faltava um restaurante com uma oferta de gastronomia 100% italiana, mais voltada para a cozinha clássica, com alguns pratos autorais, um restaurante onde soubéssemos que havia pasta fresca feita todos os dias”, conta Miguel Garcia, destacando a “arquitectura do espaço”, que contou com a mão de Inês Moura, arquitecta também responsável pelo projecto do Bougain. Mas é no menu que o empresário põe as fichas todas: “Um restaurante italiano idealizado e com menu feito por um chef italiano é algo que não existia em Cascais”. 

Corleone
Francisco Romão Pereira

O chef é Rodolfo de Santis. Natural de Puglia, foi no Brasil que fez nome na última década, quando criou o restaurante italiano Nino, que depressa deu que falar, multiplicando-se pelo país. 26 restaurantes depois, Miguel Garcia apanhou o chef numa fase de transição, depois de ter vendido o grupo que fundou, e desafiou-o para uma viagem até Cascais. 

“Nós conhecemo-nos em 2003, em Genebra. Trabalhámos juntos no restaurante Il Lago, que fica dentro do Four Seasons Hotel Des Bergues, em Genebra. Depois cada um foi à sua vida. O Rodolfo, na altura, mudou-se para o Brasil e num espaço de dez/12 anos fundou um império de restaurantes. Criou o Nino Cucina, que foi um sucesso, em São Paulo. E eu, que vivi dez anos no Brasil, acabei por acompanhar muito o trabalho dele”, conta Miguel, recordando os anos passados na hotelaria. “Ia a cada restaurante que ele abria, estabelecemos a nossa amizade. É um profissional que eu gosto muito. Os nossos valores em termos de restauração são muito idênticos”, aponta, exemplificando com o “cuidado pelo produto e a atenção dada às equipas”.

Corleone
Francisco Romão PereiraArancini

A carta é, assim, assinada por Rodolfo de Santis, que virá a Cascais pelo menos duas vezes por ano. Como num italiano clássico, divide-se entre antipasti, primi e secondi e dolci – “tudo feito com as receitas tradicionais do sul de Itália”, assegura Miguel. Nas entradas, há, por exemplo, vitello tonnato (16€), umas lâminas de vitela, com molho de atum e salada frisé, uns irresistíveis arancini (12€), e um menos óbvio crudo di tonno (17€), ou seja, um crudo de atum com mascarpone, gema de ovo e alcachofra.

Corleone
Francisco Romão PereiraCarbonara

Nos primi, estão as massas como a carbonara (22€), o linguine al pesto (22€), com burrata e raspas de limão, o spaghetti alle vongole (26€), com amêijoas, butarga, alho e azeite, ou um muito vistoso spaghetti all’aragosta (35€), com bisque de crustáceos, tomate fresco, rúcula e cauda de lagosta grelhada. 

Corleone
Francisco Romão PereiraSpaghetti all’aragosta

Já nos secondi, tanto é possível pedir um risoto de limão com camarão grelhado (28€) e um lombo de robalo grelhado com curgete ao forno e molho marinara (29€), como uma costeleta de vitela panada, com rúcula, tomate fresco e mozzarella (28€) – é a famosa milanese – ou um ossobuco de vitela servido no próprio molho, acompanhado de risoto de açafrão (28€).

Nas sobremesas, o mesmo cuidado e atenção, dos profiteroles (12€), à tarte de maçã caramelizada com creme inglês e gelado de baunilha (12€) até ao merengue italiano, com mousse de chocolate branco, frutos vermelhos e coulis de morango (13€). E não falta o tiramisù (12€) e a panna cotta (11€). 

Corleone
Francisco Romão PereiraMilanese

“O Corleone é 100% italiano. Ou seja, não é uma pizzaria, é um italiano. Pizzaria é uma coisa, italiano é outra”, frisa Miguel Garcia, acreditando que o restaurante se distinguirá também pelo serviço, um tema que lhe é muito caro. Foi uma das suas preocupações no Bougain, é um dos grandes segredos do sucesso no Café de São Bento, que comprou em 2022, e não é diferente aqui. Os clientes do Bougain reconhecerão até algumas das caras, como é o caso de Carlos Eduardo Silva, ou Cadú. “O serviço e a hospitalidade é uma coisa que tanto eu como a minha equipa damos muita importância. É algo que na restauração temos de conseguir manter porque é isso que também cria grandes lembranças. Não é só o que comi, mas também a forma como fui atendido, a forma como fui tratado”, defende o responsável.

Corleone
Francisco Romão PereiraProfiteroles

Miguel faz ainda questão de desmistificar o nome: “Não tem nada a ver com a máfia. Aliás, a família Corleone nunca existiu, é fictício. Corleone é uma região da Sicília, a decoração do restaurante foi inspirada no sul de Itália, muito na Sicília e na Costa Malfitana”. E é essa a inspiração também por trás da carta de cocktails – nos vinhos o foco mantém-se em Itália. 

Corleone
Francisco Romão Pereira

“O sítio é icónico, a localização é icónica, a vista é única, o lugar é único. E é isso que eu também gosto nos restaurantes, é que os lugares sejam únicos, que dificilmente sejam replicáveis. Eu acho que é isso que torna a experiência também única. Não é simplesmente um restaurante que podia funcionar num espaço qualquer”, conclui, prometendo mais novidades para Cascais em breve. “Vou abrir o Café de São Bento no próximo ano”, revela. “Isto é o que eu tinha idealizado para Cascais. Neste momento, não quero fazer mais nada, quero ter três bons restaurantes, consistentes, que as pessoas quando vão uma vez gostem, voltam a segunda.”

Rua Fernandes Thomás 1 (Cascais). 964 236 029. Seg-Dom 12.30-15.00/19.00-00.00

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