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Duas girândolas para celebrar os 50 anos do 25 de Abril em Cascais

Para assinalar os locais onde aconteceram alguns dos mais importantes encontros clandestinos antes da revolução de 1974, vão ser inauguradas peças artísticas que evocam os cravos.

Ricardo Farinha
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Ricardo Farinha
25 de abril
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É já esta terça-feira, 5 de Março, que se assinalam os 50 anos do importante encontro de Cascais: um passo fundamental na preparação do golpe de estado do 25 de Abril. Para celebrar a data redonda, serão inauguradas duas peças artísticas, integradas no projecto Girândolas de Luz, que evocam a forma de cravos. 

De autoria da artista Catherine da Silva, uma das peças será inaugurada pelas 11.00, de forma simbólica, no número 13 da Visconde da Luz, em Cascais, rua onde ficava o atelier do arquitecto Braula Reis, que serviu como local de encontro para cerca de 200 militares que pertenciam ao Movimento dos Capitães e que, ali, a 5 de Março de 1974, ganhava a denominação de Movimento das Forças Armadas (MFA), por incluir militares com outras patentes.

A segunda girândola será colocada, a partir do meio-dia, em São Pedro do Estoril. É uma forma de assinalar outra reunião importante do Movimento dos Capitães, que ali aconteceu a 24 de Novembro de 1973, na residência da família Fonseca Ribeiro, muito perto de onde hoje fica o restaurante O Mira.

Contra a indiferença e o esquecimento

Para terça-feira estão previstas intervenções do Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras; do Presidente da Direção da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço; da Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Maria Inácia Rezola; e do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Num momento em que a democracia portuguesa cumpre 50 anos e o país se mobiliza para celebrar com entusiasmo e orgulho o seu momento fundador, é fundamental recordar o determinante contributo do encontro de Cascais para o 25 de Abril de 1974. As comemorações permitem-nos rememorar criticamente datas e acontecimentos, figuras e processos, celebrando a história e um futuro que todos queremos mais justo e participado. Conhecer o passado permite-nos valorizar as conquistas de Abril e combater a indiferença e o esquecimento, nomeadamente junto das gerações que já nasceram em liberdade”, explica Maria Inácia Rezola em comunicado.

“Na reunião de 5 de março de 1974, em Cascais, decidimos avançar para uma acção de força, de derrube da ditadura; elaborar um programa político, que definisse as linhas do futuro regime; confirmámos a escolha de Francisco da Costa Gomes e de António de Spínola para futuros chefes, desde que aceitassem o Programa do Movimento; e demos um voto de confiança à Comissão Coordenadora e à respetiva direção para executarem as decisões aprovadas. Foram resultados francamente preciosos para a evolução do caminhar para a libertação”, acrescenta Vasco Lourenço.

As comemorações oficiais dos 50 anos do 25 de Abril prolongam-se até 2026. O projecto artístico Girândolas de Luz, em que cada peça pode ter entre três e quatro metros e meio de altura, irá instalar figuras evocativas nos locais das oito principais reuniões clandestinas feitas pelo Movimento dos Capitães entre 1973 e 1974. Além de Cascais e São Pedro do Estoril, haverá girândolas em Lisboa, Oeiras, Alcáçovas, Costa da Caparica e Óbidos.

Mas afinal o que é que aconteceu a 5 de Março de 1974?

O plano original era realizar esta reunião clandestina no conhecido edifício Franjinhas, no cruzamento das ruas Castilho e Braamcamp, no centro de Lisboa. Os cerca de 200 militares estavam espalhados por 18 cafés ou pastelarias nas redondezas, onde deveriam esperar por um elemento que os encaminhasse para o local da sessão. Mas nesse mesmo dia, o encontro foi alterado para Cascais. A ditadura, que durava há quase 50 anos, estava a 51 dias do fim: o Movimento dos Capitães preparava aquilo a que chamavam de “Operação Viragem Histórica”.

Durante o encontro, a maioria dos presentes aprovou o documento de síntese O Movimento, as Forças Armadas e a Nação. Foi o primeiro projecto político dos capitães, o que se revelou essencial para definir os seus objectivos de forma mais concreta. Ficou explícita a intenção do movimento de democratizar o país e terminar com a guerra colonial. 

Foi também quando o Movimento de Capitães passou a Movimento das Forças Armadas (MFA), uma vez que os capitães tinham decidido delegar na figura do major Ernesto Melo Antunes a responsabilidade de presidir e coordenar a comissão de elaboração do seu programa. No mesmo encontro, aconteceu uma nova votação sobre os futuros líderes do movimento, que foi mais uma vez conquistada por Francisco da Costa Gomes, então Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas.

+ As melhores coisas para fazer em Março em Cascais

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