Notícias

O Coala Festival Portugal é uma sinfonia de sotaques lusófonos

A primeira edição portuguesa do festival realiza-se este fim-de-semana, em Cascais. Kalaf Epalanga resume o que se vai passar entre sábado, 1, e domingo, 2 de Junho.

Luís Filipe Rodrigues
Editor
Jorge Ben Jor
Câmara Municipal de Cascais
Publicidade

Desde 2014 que, no Brasil, o Coala Festival dá palco à diversidade da música brasileira. Sem recorrer a artistas internacionais, apostando em nomes consagrados e valores nacionais emergentes, tem conseguido conquistar o seu espaço do outro lado do Atlântico. Entre 1 e 2 de Junho, a organização pretende repetir o feito em Cascais, mas “unindo as pontas do triângulo África, Portugal e Brasil”, nas palavras do director Gabriel Andrade.

Para o ajudar nesta empreitada, o director criativo do festival pediu ajuda a Kalaf Epalanga, co-fundador da editora Enchufada, ex-Buraka Som Sistema e escritor. “Convidou-me porque acompanhava o que escrevia sobre a música no corredor Lisboa-Luanda, com algumas incursões pelo Brasil também”, conta Kalaf. “Pensei que me estivesse a abordar por causa do meu trabalho com a música, mas estava interessado no meu ponto de vista intelectual sobre a música, sobre essa cultura e essa língua que nos é comum.”

“É um festival icónico no Brasil”, continua o músico. “Têm a tradição de ter nomes consagrados da música popular brasileira, entre outras metas, e senti que era importante manter isso em Lisboa. Ou seja, não descaracterizar o festival e tentar aproximarmo-nos o mais perto possível daquilo que é uma edição do Coala no Brasil.” Gilberto Gil e Jorge Ben Jor foram os primeiros artistas sugeridos pelos organizadores. “Concordei logo que o festival devia ser desenhado à volta desses nomes, trazendo artistas que estivessem um diálogo com os headliners e que atravessassem vários públicos e sensibilidades musicais, desde a música de pendor mais dançável até a coisas mais introspectivas como o fado.” 

No primeiro dia, 1 de Junho, além do histórico Jorge Ben Jor, sobem ao palco principal os brasileiros BaianaSystem, que fazem do reggae uma música afro-brasileira, via afoxé, samba e pagode; e a kudurista angolana Pongo (“um nome imediato, pela minha ligação com o kuduro e a música de dança angolana”, diz Kalaf). EU.CLIDES e Rita Vian são os embaixadores portugueses. Já no dia 2, além do ícone tropicalista Gilberto Gil, actuam a fadista Carminho; a cantora cabo-verdiana Mayra Andrade; e os brasileiros Rubel e Céu.

A estes dez nomes, junta-se uma legião de DJs e produtores lusófonos, distribuídos por dois palcos. “Os DJs são os grandes curadores do nosso tempo”, considera o ex-Buraka Som Sistema. “Curam as nossas vidas, as nossas emoções, os nossos estados de alma.” Muitos tocam no Club Coala, que o programador descreve como “o lugar onde foi possível experimentar” e arriscar mais. “Um festival de dois dias não é a mesma coisa que um festival de três dias, então há muita coisa que fica de fora. Mas acho importante colocar nomes emergentes com nomes consagrados. E, no palco principal, não havia slots para incluir mais ninguém.”

Ou melhor, havia, mas apenas nos temos mortos entre os concertos. É nesses momentos de transição que muitos DJs vão actuar. “Os changeovers são um pouco complexos e não queremos acelerar o processo de ninguém. Aliás, o Festival Coala tem muito essa ideia de que é tranquilo e boa onda. Eles querem mesmo que a experiência seja vivida não só no plano musical. A relação com o espaço, as zonas de restauração, as casas de banho, tudo isso é importante para eles. Oferecer ao público um bom momento, sem stress. E como também não queremos colocar os músicos em stress, optámos por colocar mais música no palco.”

No sábado, 1 de Junho, os DJs escalados para o palco principal são A Mamanus, Ubunto, DIDI, Indi Mateta e Patrick Tor4, enquanto o Club Coala recebe Dengo Club, Pedro Bertho, Robles, ZENGXRL, Caroline Lethô e Tyson. No dia seguinte, a cabine do Club Coala é ocupada por El Nando, King Kami, Vanyfox, Danykas DJ, Shaka Lion e DJ Patife back-to-back com Riot (Bateu Matou e ex-Buraka Som Sistema), enquanto as transições entre os músicos são asseguradas por Phephz, Quant, Thiago Guiselini, Tata Ogan e Berlok.

Kalaf reconhece que o maior indicador do sucesso desta primeira edição portuguesa seria encher o Hipódromo Manuel Possolo nos dois dias. Mas não só. “Queremos começar a desmistificar e a descomplexar a relação entre os vários sotaques na língua portuguesa, trazer toda essa conversa para cima da mesa. Durante a curadoria isso foi assunto, fomos debatendo sobre essa perspectiva”, assume o programador. “Para mim”, conclui, “sucesso é conseguir ver um novo festival, que dá primazia à música em português, a fixar-se em Portugal.”

Hipódromo Manuel Possolo (Cascais). 1-2 Jun (Sáb-Dom). 55€-170

Siga o novo canal da Time Out Lisboa no Whatsapp

+ Concertos, arraiais e aulas gratuitas de surf e yoga – fique de olho na Semana do Município

Últimas notícias

    Publicidade