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Foi em meados de Outubro que os chocolates premium da Diogo Vaz chegaram (novamente) a Portugal, com a abertura de uma pequena loja no Mercado da Vila de Cascais. De tabletes a bombons, passando por macarons e outras especialidades, são muitas as opções de chocolate que se podem provar neste que é o segundo espaço na história da marca no país. O primeiro abriu em 2019 na zona do Bairro Alto, em Lisboa, mas teve de fechar portas na altura da pandemia. Agora, procura reerguer-se a partir de Cascais.
A Diogo Vaz Chocolates é uma das poucas marcas no mundo que elabora e controla todo o processo, desde a plantação dos cacaueiros até às tabletes que são vendidas nas lojas ou através de encomendas. Toda a cadeia de produção é feita na roça de Diogo Vaz, uma pequena aldeia situada em São Tomé e Príncipe, onde nascem estes chocolates.
A história remonta a 2005. O empresário francês Jean-Rémy Martin, e a sua filha Marina Martin, oriundos da região de Bordéus, tinham negócios no Gabão. Visitaram São Tomé e Príncipe e apaixonaram-se pela floresta de cacaueiros que não estava a ser explorada no noroeste da ilha de São Tomé. Determinada a investir naquela riqueza natural, a família plantou mais de 100 mil cacaueiros de diferentes variedades. Em 2018, abriram a fábrica responsável por todo o processo de transformação — a recolha artesanal do fruto do cacau com recurso a uma pequena catana, a fermentação em caixas de madeira cobertas por folhas de bananeira, a secagem ao sol, a selecção dos grãos à mão, a torrefacção, trituração, mistura e moagem, até chegar à fase da moldagem, quando o cacau se torna numa tablete de chocolate pronta para ser consumida.
A Diogo Vaz tem hoje três variedades de cacau de produção biológica. Segundo nos descreve Marina Martin, a principal responsável pelo negócio nesta fase, a trinitário tem “um toque de acidez”, enquanto a amelonado apresenta “aromas frutados” que evocam frutos secos, resultando num chocolate mais doce. Têm ainda cacau catongo, a mais rara e delicada das variedades, que não dá tantos frutos como as outras, mas que é, segundo as palavras da especialista, o “Rolls Royce do chocolate”.
“Não estamos a falar de chocolates industriais”, salienta Marina, frisando o quão “mal habituados” estão os consumidores deste tipo de produtos. “O cacau tem imensos benefícios para a saúde e, se bem trabalhado, pode originar um chocolate saboroso e que nunca é demais.” Aliás, a Diogo Vaz Chocolates vende cacau 100% puro, triturado, para todos os que queiram provar — além de terem disponível uma versão em que as lascas de cacau estão caramelizadas e podem ser usadas enquanto topping. Também têm a própria versão dos famosos Toblerone, que intitularam Diogoron. As tabletes que vendem começam nos 65% de cacau. Vale a pena espreitar a loja online.
Quando chegaram à aldeia de São Tomé e Príncipe, encontraram uma comunidade com muitas necessidades. Havia uma escola local, por exemplo, mas sem electricidade nem comida ou água suficientes. A empresa foi fulcral para criar postos de trabalho (hoje têm cerca de 120 funcionários) e construir infraestruturas, melhorando a vida da comunidade e envolvendo-a directamente no trabalho da marca. O objectivo para o futuro passa por transformar o antigo edifício colonial que ali existe num ecoturismo para os apaixonados pelo cacau – e pelo “paraíso que é São Tomé e Príncipe”.
A marca começou por abastecer o mercado de gama alta com o seu cacau de qualidade – foram fornecedores de restaurantes de fine dining em França, nos Países Baixos e em Portugal – e ganharam vários prémios antes de passarem a comercializar os próprios produtos. Ainda assim, continuam a vender cacau enquanto matéria-prima para sobremesas — por exemplo, são eles que fornecem o chocolate que depois é transformado e usado no 100 Maneiras, do chef Ljubomir Stanisic.
“Acreditamos que esta produção de alta qualidade, feita por artesãos que controlam todo o processo, merece reconhecimento, para não ficarmos limitados à oferta da grande distribuição”, remata Marina Martin. Por agora, têm abertas uma loja em Landes, em França, o berço da família; e em Cascais, onde a responsável mora há mais de uma década. Mas planeiam abrir lojas em Lisboa e no Porto. Em Fevereiro, será a Diogo Vaz a organizar o mercado de chocolate do Mercado da Vila — e dificilmente haveria alguém melhor para o fazer. “A nossa evangelização passa por dar a provar, e fazemo-lo todos os dias na nossa loja.”
Rua Padre Moisés da Silva, 1, Cascais. Qui-Sex 10.00-17.00, Sáb 8.30-17.00, Dom 09.00-15.00, Qua 09.00-17.00