[title]
Não é todos os dias que o Midori, o primeiro restaurante japonês com uma estrela Michelin em Portugal, apresenta pratos novos. Mas quando assim é, não há como não provar e voltar para contar a experiência. Os dois menus de degustação que o espaço serve – o Kiri, de oito momentos (154€) e o Yama, de nove (186€) – foram renovados pela dupla de chefs Pedro Almeida (consultor) e Tiago Santos (residente). A lógica mantém-se: combinar a gastronomia japonesa com a portuguesa, cruzando métodos culinários e ingredientes de cada país, o que evoca a história comum entre os dois territórios e a influência que a nossa cozinha teve na nipónica desde que os portugueses chegaram ao Japão no século XVI.
Tanto um menu como o outro arrancam da mesma forma, com um Hassun – uma selecção de entradas que junta um takoyaki de carabineiro, uma tartelete de gamba da costa com miso de grão, uma tempura de raia, um karage de frango com malagueta e um canudo toro, a única especialidade que se manteve da carta anterior.
A seguir chega outra grande novidade: o misoshiro de cozido à portuguesa, que se pode descobrir no menu Yama, uma clássica sopa japonesa que, nesta versão, evoca os sabores tradicionais portugueses – talvez seja das fusões mais representativas do conceito do Midori.
No que toca aos nigiris, comuns aos dois menus, há novidades mas também clássicos que se mantêm irredutíveis. Experimente as novas peças de lírio e folha de figueira, lula e manteiga de citrinos e de lagostim e cenoura; e delicie-se com os já mais que provados e comprovados akami fumado em louro, conserva de shutoro em alecrim e otoro braseado à mesa. Afinal, em equipa que ganha não se mexe (muito).
O menu Yama também conta com um novo prato principal, uma língua de vaca cozinhada à moda kakuni – com a santíssima trindade nipónica, composta por açúcar, sake e molho de soja – que lhe dá uma consistência ímpar, em torno de uma carne cozinhada durante longas horas que se desfaz assim que toca na boca. Vem para a mesa acompanhada de tomate e miso.
Para terminar, a sobremesa que encerra ambos os menus é uma verdadeira experiência. Hachi, aveia e mel combina crocância e espessura – e, antes, ainda é possível provar diferentes tipos de mel, dos mais aos menos intensos, para seleccionar a melhor combinação de acordo com o palato de cada pessoa.
Na calha, previstos para se juntarem à carta em Julho, estão ainda o sashimi de lírio e pimentão (menu Kiri); o sashimi de peixe-galo e amêndoas (Yama), servido tão fino e com uma apresentação tão especial que o torna numa obra de arte; e o magnífico espargo kushiage com chawanmushi (Yama).
Ambos os menus de degustação podem ser pedidos com harmonização de vinhos, numa selecção da sommelier Eveline Borges. O Kiri passa a 252€, enquanto o Yama sobe para os 314€. Neste último caso, é possível pedir ainda um suplemento de carne wagyu por 50€, se quiser tornar a refeição ainda mais inesquecível.
Inaugurado em 1992, o Midori é um dos restaurantes japoneses mais antigos de Portugal. Fica no hotel Penha Longa Resort, ao lado de outros restaurantes (entre os quais o reputado LAB by Sergi Arola, também galardoado com uma estrela Michelin), e deve o seu nome ao “verde” do Parque Natural de Sintra-Cascais, que serve de paisagem privilegiada para quem ali janta. Mas não só: o restaurante também se chama Midori por ser o nome da filha dos antigos proprietários japoneses que fundaram o hotel.
Quinta da Lagoa Azul, Sintra. Ter-Sáb 19.00-22.30. 21 924 9011