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Podia ser só mais um festival gastronómico, ou só mais um festival de música, mas desde que apareceu em 2018 que se percebeu que não era só isso – ou melhor, que isso não bastava. À sexta edição, o Chefs on Fire continua a crescer, sem perder a identidade e tudo o que o torna único, no país, e no mundo, para onde se começa a expandir – houve Maldivas no ano passado e vai haver Madrid já em Outubro de 2024. Antes disso, pega fogo na FIARTIL, no Estoril, entre 20 e 22 de Setembro. Entre os chefs anunciados, destacam-se no cartaz aqueles que este ano brilharam na gala do Guia Michelin: Vítor Matos, que conquistou duas estrelas Michelin para o Antiqvvm e uma para o 2Monkeys; João Sá (uma estrela no Sála) e Rodrigo Castelo (uma estrela e uma estrela verde no Ó Balcão). Na música, há concertos de Capitão Fausto, Bárbara Tinoco ou RIOT B2B Pedro da Linha.
“O que gosto mais no Chefs on Fire é a proximidade dos chefs ao público”, destaca à Time Out David Lopes, analista de sistemas informáticos a tempo inteiro e foodie nas horas vagas. Na sua página de Instagram (@eatdrinkliveenjoy), onde tem mais de dez mil seguidores, David partilha habitualmente as suas experiências à mesa. Sobre o Chefs on Fire, são sempre várias as partilhas porque uma apenas não resumiria tudo o que ali se vive. “São equipas inteiras que saem da sua zona de conforto (e das suas cozinhas meticulosamente arrumadas) para se entregarem a um ambiente de fogo”, descrevia no ano passado num carrossel onde partilhava fotografias dos chefs entre fumo e labaredas. David acredita que o festival criado por Gonçalo Castel-Branco “ajuda a desmistificar o que é a cozinha de autor”. “Gosto especialmente da forma como o evento promove a ligação entre os chefs, os ingredientes e os participantes, criando uma atmosfera envolvente e calorosa, quase como um grande encontro entre amigos apaixonados por boa comida e boa música”, diz Cristina Marques, também conhecida com o handle @the_red_postcards.
É como uma família, na verdade, que Gonçalo Castel-Branco gosta de olhar para o seu festival, lutando edição após edição contra as dores de crescimento de um festival que tem vindo também a ganhar cada vez mais espaço mediático. “Vamos continuar a lutar para fazer crescer o festival sem perder o intimismo que é o Chefs on Fire”, dizia-nos em tempos. Os pop-ups, por exemplo, que aconteceram em Santarém e Aveiro – e falta ainda Foz Côa em Outubro –, são uma forma de ganhar espaço, mas nada que se compare aos dias no Estoril.
“O que eu destaco do Chefs on Fire são as pessoas que vamos encontrando por lá. Há, de facto, uma grande concentração de pessoas que estão ligadas de alguma forma ao meio”, aponta o advogado Duarte Lebre Freitas, também um gastrónomo. “No fundo, a comunidade acaba por se reunir ali numa mistura boa com o público geral”, continua. Miguel Pires, crítico gastronómico e fundador do site e dos prémios Mesa Marcada, fala num “ambiente de boa onda” entre todos, “além, claro, da ligação e curadoria entre comida de fogo e música ao vivo”.
No caso de Duarte Lebre Freitas, o concerto de Bárbara Tinoco, marcado para o último dia do festival, foi o “bilhete de entrada” para os filhos se quererem juntar. “Também tem essa parte boa de ser um festival familiar”, justifica, exemplificando com a proximidade ao palco. De repente, os artistas que vemos em grandes palcos estão ali a poucos metros, quase como quem toca no quintal de casa.
Sobre a edição deste ano, o advogado revela especial curiosidade pelo trabalho de uma geração mais nova, enquanto Miguel Pires vê no Chefs on Fire de 2024 a oportunidade de provar a comida de alguns chefs vindos de outras partes do país e cujo trabalho conhece menos. Se pudesse fazer um pedido, porém, não deixaria de fora do cartaz o chef e super-estrela argentino Francis Mallmann (e Tom Waits no palco, brinca). “Uma maior participação de chefs internacionais” é também o desejo de David Lopes. “Seria também incrível ter a oportunidade de participar numa masterclass com um chef de renome, onde os participantes pudessem aprender técnicas e segredos directamente da fonte, ao mesmo tempo que desfrutam de uma refeição exclusiva preparada durante a aula”, aspira Cristina.
Enquanto isso não acontece, há muito para provar e ver.
A entrada diária, que inclui cinco doses de comida e duas bebidas, tem o preço de 90€, enquanto o bilhete para os três dias, com 15 doses de comida e 10 bebidas, custa 230€. O bilhete infantil custa 20€ por dia e inclui quatro doses de comida e bebidas ilimitadas na zona kids.
Conheça o alinhamento dos chefs, e o que vão preparar, aqui.
Hala Madrid!
Gonçalo Castel-Branco vai entrar em Espanha a fazer barulho. Na estreia do Chefs on Fire do outro lado da fronteira, o cartaz do festival junta nomes bem conhecidos da gastronomia portuguesa e espanhola. Nos dias 5 e 6 de Outubro, no Real Jardín Botánico de Alfonso XIII, em Madrid, vão cozinhar no fogo chefs como Henrique Sá Pessoa (duas estrelas Michelin no Alma), João Rodrigues (Canalha), Tiago Penão (Kappo) e Vasco Coelho Santos (uma estrela Michelin no Euskalduna), ao lado dos espanhóis já confirmados: Carlos Casillas (Barro), Javi Estévez (La Tasquería), Lucía Freitas (A Tafona), Miguel Carretero (Santerra), Iñigo Urrechu (Zalacaín), Rafa Panatieri (Sartoria Panatieri), Roberto M. Foronda (Tripea) e Juan D'Onofrio (Chispa Bistró). A eles juntam-se Janaína Torres (A Casa do Porco, com uma estrela verde e eleita a melhor chef do mundo no The World's Best 50 Restaurants) e Tekuna Gachechiladze, figura de destaque da restauração na Geórgia. Os bilhetes estão à venda online e o preço varia entre os 95€ (um dia com três pratos e uma bebida) e os 210€ (dois dias com dez doses e cinco bebidas).
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