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Do coração de Lisboa para o centro de Cascais. Mais de um ano depois de terem começado a preparar o espaço, o Café de São Bento abre finalmente na vila esta quarta-feira, 9 de Abril, na zona da célebre Rua Amarela. O menu – que tem no bife da casa a sua grande estrela – é “rigorosamente igual” ao da casa-mãe, assegura o dono do grupo de restauração, Miguel Garcia, que comprou o Café de São Bento em 2022 com a intenção de o expandir.
Cascais foi desde sempre um dos locais pensados. Tanto que, enquanto andava em busca de espaços, Miguel Garcia descobriu aquele que, pelas suas mãos, se tornaria no Bougain. Na sequência da sua aproximação à vila, seria depois convidado para explorar o restaurante na Baía que se tornaria no italiano Corleone. Agora, sim, chegou a vez do Café de São Bento – e mantêm-se os planos de expansão, com outro restaurante em Lisboa e um no Porto já assumidos como desejos pelo dono.
O tradicional bife à Café de São Bento, que tem exactamente a mesma receita desde a fundação, em 1982, mantém-se como o ex-libris e a alma da casa – aliás, já foi eleito pela Time Out como “o melhor bife de Lisboa”. Talvez seja também agora “o melhor bife de Cascais”. Com bife do lombo, fica por 30€ (200 gramas) ou 35€ (250 gramas). Se preferir vazia, são 27€ (200 gramas). Em alternativa, também servem os bifes grelhados ou à portuguesa, com alho, louro e presunto. Todos acompanham com batata frita caseira.
É um prato inspirado nos históricos bifes dos cafés Marrare, quatro estabelecimentos abertos durante o século XIX em Lisboa, pela mão do italiano Antonio Marrare, cujos ambientes também inspiraram a abertura e o conceito do Café de São Bento aquando da inauguração nos anos 80.
Na carta, encontra-se ainda o bacalhau com natas gratinado (23€) como opção de peixe; e a tarte mediterrânica (20€), com legumes estufados, ervas mediterrânicas e tofu em massa folhada, brunesa de tomate e azeitonas, rúcula e vinagrete de limão, como opção vegetariana.
Para arrancar a refeição, há entradas como o foie gras de pato com chutney de maçã, pêra, tomate e pão torrado (14,50€); os já clássicos camarões ao alhinho (14,50€); o bife tártaro feito de lombo de novilho picado, servido com tostas (15€); o carpaccio de novilho com parmesão, pimenta rosa, rúcula, tapenade de azeitona verde e redução de vinagre balsâmico (14€); ou o presunto pata negra (18€), entre outras opções.
Para terminar, brilham sobremesas como a tarte tatin de maçã, servida quente com gelado de baunilha (9€); o leite creme (8€); cheesecake caseiro de frutos vermelhos (9€); ou “o melhor bolo de chocolate do mundo” (9€).
Também se mantém o menu executivo de segunda a sexta-feira, ao almoço, que por 27€ inclui um prato e uma entrada ou uma sobremesa – bem como água, café ou chá. Talvez queira também acompanhar com um copo de vinho do Café de São Bento, uma garrafa de tinto, produzida em parceria com a Herdade Papa Leite, feita para celebrar a abertura de Cascais e os 43 anos da marca. Foram produzidas 600 garrafas deste reserva de 2021, fabricado a partir de duas castas. Em breve, adianta Miguel Garcia, “cada restaurante terá o seu vinho”.
Para que a essência no novo Café de São Bento se mantenha, a nova equipa esteve em formação no restaurante de Lisboa durante mais de um mês. Alguns dos funcionários mais experientes fizeram o caminho contrário, ajudando a montar o Café de São Bento em Cascais com os seus conhecimentos e mestrias. O chef, Manuel Fernandes, é o mesmo há 39 anos – o seu irmão mais velho foi um dos sócios-fundadores.
O ambiente também é em tudo semelhante. Na transformação de uma loja de música (que outrora já tinha sido um restaurante) em Café de São Bento apenas uma mudança salta à vista: não foram instaladas cortinas de veludo para que o ambiente não ficasse “demasiado pesado” optando antes por cortinas que permitem entrar luz natural – até porque, numa das frentes, existe uma esplanada com 16 lugares.
O veludo está presente nos sofás, o cabedal nos cadeirões, o latão em alguns dos candeeiros e adereços espalhados pelo espaço. A madeira é de mogno, tal como em Lisboa. O balcão de mármore é verde Guatemala; a até a playlist – sobretudo virada para o jazz, a soul e os crooners norte-americanos – é exactamente a mesma. Também tem de se tocar à porta para entrar, mantendo a privacidade de um lugar elegante que se quer “sem pressa” e com muitos clientes regulares.
“Não inventámos a roda, ela já foi inventada há muito tempo”, explica Miguel Garcia. “Não queremos fazer cópias estilo franchise, são cópias autênticas, com destaque para a hospitalidade e para a arte de bem receber. A receita é a mesma, mas com outra equipa. O Café de São Bento está há várias gerações a servir as mesmas famílias em Lisboa e agora queremos fazer o mesmo em Cascais. Isto é um projecto de longo prazo. Somos sempre iguais, estamos abertos todos os dias.”
Se em Lisboa, o Café de São Bento serve bifes até às duas da manhã, em Cascais por enquanto fecham à meia-noite. Miguel Garcia acredita que a movida da vila não é tão tardia, até pela falta de bares ou casas de espectáculo nas redondezas, mas deixa a porta aberta a alargarem o horário caso exista procura.
No novo Café de São Bento vai encontrar uma cozinha aberta, onde finalizam os pratos que têm origem numa cozinha central do grupo; e um balcão com quatro lugares. A sala, no interior, tem espaço para 36 pessoas – com as mesas a pouca distância, como sempre foi, mas com o edifício trabalhado para que não haja eco. “É um restaurante intemporal, estamos aqui para ficar e criar laços com os clientes.”
Desde que assumiu o controle do restaurante em 2022, com uma carta praticamente igual, o Café de São Bento conseguiu duplicar a facturação. Miguel Garcia adianta que o seu grupo vai abrir mais restaurantes este ano e que, quanto à marca Café de São Bento, podemos esperar mais “novidades em breve”. O que não muda nem por nada, já se sabe, são os bifes.
Rua Alexandre Herculano, 71, Cascais. Seg-Sex 12.30-15.00, 19.00-00.00; Sáb-Dom 12.30-00.00. 964 871 833