1. Guimas
    Francisco Romão Pereira
  2. Guimas
    Francisco Romão Pereira
  3. Guimas
    Francisco Romão PereiraDomingas Mascarenhas
  4. Guimas
    Francisco Romão PereiraO pudim Guimas
  5. Guimas
    Francisco Romão PereiraO filé bêbado
  6. Guimas
    Francisco Romão PereiraA moqueca
  7. Guimas
    Francisco Romão PereiraChico Mascarenhas homenageado numa das paredes

Crítica

Guimas

4/5 estrelas
O restaurante que veio do Rio de Janeiro é um oásis carioca em Cascais. Alfredo Lacerda foi lá dançar o samba do picadinho.
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Alfredo Lacerda
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A Time Out diz

Quando a inteligência artificial trabalhar por nós e todos os desempregados ganharem um salário bom, vamos todos poder estender um almoço até às quatro da tarde, no Guimas, que é o sítio certo para beber coisas frescas e deitar conversa fora, enquanto se depenica um pastel de queijo. 

Enquanto o mundo não muda, todavia, esse privilégio está guardado para as pessoas desafogadas de Cascais, sobretudo cariocas com saudades da Gávea, no Rio de Janeiro, onde a casa se fundou, já lá vão mais de quatro décadas. 

No dia em que lá almocei, quase só se ouvia falar brasileiro e o ambiente era o de um bistrô relaxado, grupos de mulheres na paquera e empregadas de mesa e anfitriãs servindo vinho de mesa em mesa – a luz iluminando a sala e as toalhas de pano brancas, têxtil perdido algures no novo milénio, mas que ainda dá um charme bonito aos restaurantes. 

Comecemos pelo vinho, que foi das coisas que mais me impressionaram. O Guimas é um dos melhores sítios para se beber vinho na Grande Lisboa, hoje em dia. Por duas razões. 

A primeira: assim que escolhi o vinho, o Lagar de Baixo, um tinto da Bairrada, da Niepoort, percebi que o queria refrescado. Ao contrário do que é habitual, a escanção não se indignou com o pedido, assentindo de imediato e trazendo logo a solução, em forma de manga. Fácil. Simples. Ponham os olhos nos sommeliers do Brasil. 

A segunda razão pela qual o Guimas, restaurante brasileiro, é dos melhores sítios para se beber vinho português, é o preço das garrafas. Eis um preçário com a maioria dos vinhos a custarem abaixo de 25 euros, vinhos interessantes, de produções selecionadas, da Bairrada às Beiras, dos Vinhos Verdes a Lisboa. Uma raridade nos dias de hoje. 

Quanto aos comes. A carta tem poucas entradas e as que tem não conseguem promover uma refeição completa. Ou seja, aqui o regime não é o de petiscos para partilhar (haja, onde), mas antes assenta em pratos principais e individuais – estes, ao contrário dos vinhos, com valores puxadotes – uma dezena deles, selecção dos dez mais vendidos no Guimas brasileiro, pai do de Cascais, que tem à frente a filha do fundador. 

Começou-se muito bem, com pastéis de queijo brie, melhor a massa – tipo massa tenra – do que o brie. Belíssimos, também, os pastéis de camarão, primos dos primeiros, que melhor ainda ficaram com a pimentinha da casa, molho picante à base de malaguetas frescas, saborosíssimas, aromáticas, a lembrar fruta tropical infusionada de capsaicina. 

Nos principais, escolheram-se os dois pratos mais populares da casa – palavra da empregada de serviço. Veio então a moquequinha, com lulas, camarão e dourada. A moqueca não é um prato de grande intensidade, na origem, a cebola, o tomate e o pimento só levemente puxados, para que a frescura dos produtos brilhem. Mas no caso brilharam pouco, talvez porque faltou sal e porque faltou um peixe ao nível das exigências: a dourada era dessas de perfil baixo, em cubinhos filetados, sem grande expressão marinha.  

Tudo melhorou com a tal pimentinha, de resto, e com o segundo prato: o famoso picadinho, uma espécie de pica pau do lombo em esteróides, acompanhado de farofa, banana frita, feijão e ovo estrelado. 

Acabou-se em modo adocicado, com a “verrine” de cheesecake, designação poliglota para um copinho de queijo creme com calda de goiabada e farofa de Speculoos, os biscoitos da Flandres. 

No final, saímos felizes já passava das 15.30, ainda no ar o som do português com sotaque carioca. Em síntese: está-se muito bem no Guimas, sobretudo se tivermos tempo, dinheiro e sede para ficarmos a beber os seus vinhos.

Detalhes

Endereço
Rua Freitas Reis, 24, Cascais
Cascais
2750-357
Horário
Qua-Sex 17.00-00.00; Sáb 12.00-00.00; Dom 12.00-18.00
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