Dez contas do Instagram que são autênticas galerias
© Patrick TomassoEstas galerias cabem-lhe na palma da mão
© Patrick Tomasso

10 contas de Instagram que são autênticas galerias

Em tempo de isolamento, não precisa de se privar da sua dose de arte. Basta fazer scroll para conhecer a pintura, escultura, ilustração ou design que se faz por cá.

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O isolamento social virou-nos o mundo de pernas para o ar: mudou os nossos hábitos e rotinas, tirou a vida da rua para a pôr dentro de casa e tornou os ecrãs em janelas para o exterior. E se em tempo de pandemia não podemos demorar-nos a admirar as obras de arte em museus e galerias, continuamos a poder recorrer a ela como escape do que nos rodeia. Enquanto esperamos que as portas destes espaços reabram, podemos explorar muita e boa arte sem precisar de estar em filas ou tirar bilhete. É só fazer scroll para ver a pintura, escultura, ilustração ou design que lhe cabem na palma da mão. Intrigado? Eis dez contas de Instagram que são autênticas galerias.

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Dez contas de Instagram que são autênticas galerias

@margarida_fleming

É difícil desviar as atenções dos retratos intrigantes, magnéticos, criados por Margarida Fleming. A artista, que vive e trabalha em Lisboa, pinta os rostos de personagens, maioritariamente femininas, e agarra-nos pelo olhar hiper-realista que lhes atribui. As suas obras põem a alma humana a descoberto e podem ser encontradas numa galeria – já expôs nacional e internacionalmente, de Lisboa a Macau – ou numa qualquer parede da capital.

@teresarego.studio

As texturas, os padrões e as cores vibrantes compõem o feed de Teresa Rego, cujo trabalho se foca nos elementos naturais e construídos. É entre o seu estúdio, no Porto, e os trabalhos comissionados em Londres (cidade onde se formou) que a designer e ilustradora explora vários formatos. Do print à serigrafia, passando pela colagem ou pelo têxtil, tudo lhe serve de suporte. E, para quem quiser pôr mãos à obra, há workshops todos os meses.

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@littleblackspot

Raquel Costa é ilustradora e fundadora do Little Black Spot, estúdio criativo multidisciplinar em Braga. Inspira-se na arte vintage, na ilustração científica e nas histórias infantis para criar ilustrações que transpõe para prints ou artigos de estacionário personalizados. Apesar de ter a sua gama de produtos, trabalha, sobretudo, como ilustradora de livros infantis. A sua conta é uma porta de entrada para um mundo de personagens adoráveis e coloridas.

@maria.por.acaso

O nome da artista oferece um vislumbre do que vai encontrar por lá. Maria Azul, ilustradora que se confunde com a personagem, é uma figura de rosto redondo, carrapito no alto e risca no cabelo em forma de cortina. Nos seus desenhos, aparece, com mais ou menos curvas, com referências à cultura pop e à actualidade, entre o minimalismo e o surrealismo. Sempre a azul (e vermelho), é claro.

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@anaoliveira_ilustracao

Animais, coroas de flores, mulheres de cabelo azul, tiras de BD autobiográficas ou meninas com andorinhas na cabeça (personagem ilustrada para o livro infantil Cabeça de Andorinha, de Joana M. Lopes) são alguns elementos que aparecem nas criações de Ana Oliveira. O Instagram da ilustradora é uma janela para um mundo encantado onde cabem miúdos e graúdos. Volta e meia há workshops de aguarela presenciais ou online. É estar atento. 

@giovanamedeiros

O universo de Giovana Medeiros, ilustradora brasileira radicada em Lisboa, é um reflexo de girl power em sincronia com a natureza. Através de formas planas, cores fortes e texturas de tinta, retrata, sobretudo, mulheres de várias formas e feitios. Seja na casa de banho, em roupa interior, rodeadas de gatos e plantas, ou vestidas e arranjadas, com os padrões naturais da roupa, elas são um espelho de todas nós.

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@brancacuvier

Em traços minimalistas e tons pastel, Branca Cuvier desenvolve um trabalho conceptual sobre o corpo humano, desconstruindo-o. A sua galeria é feita de formas disformes, onde a cor escorre pelas linhas fora, evidenciando o interesse particular da artista por disciplinas como a psicologia e a antropologia. Aqui, um corpo nunca é só um corpo, mas um meio de ilustrar e interpretar as emoções humanas.

@_francis.co

Francisco Fonseca cresceu rodeado de natureza e, apesar de se ter mudado há uns anos para a Baixa do Porto, não esquece as origens. As suas ilustrações, por vezes de um realismo impressionante, mostram casas pitorescas banhadas pelo pôr-do-sol e personagens que se deitam na relva para desfrutar o sossego do campo. Entre os seus trabalhos mais populares, estão o casario portuense e o Douro vinhateiro.

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@taritices

“Cabeça de escritora, alma de pintora.” Assim se descreve Sara Tarita, artista que cruza jogos de palavras, trocadilhos e ditados populares com desenhos simples e eficazes. O resultado são ilustrações carregadas de humor e ironia que tratam, com leveza, questões da actualidade política ou social, assim como dramas pessoais (mas universais) relativos ao amor. Qualquer millennial vai identificar-se com elas.

@inesdcoelho

Inês Coelho compara a sua necessidade de criar à “vontade que tem de fazer xixi quando a bexiga está mesmo apertada”. A sua escultura, como a biografia que escreveu no Instagram, é carismática e divertida. Inspirada “pela magia, pelo onírico e pela natureza provocatória de cenas ordinárias”, trabalha modelação, têxteis, cerâmica e mosaico para criar obras “policromáticas e de carácter lúdico”. A série Pool Party, que mostra vários banhistas e nadadores, é um bom exemplo.

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Adriana Fontelas

Num dia de pouco movimento, encontramos Adriana Fontelas na Padaria Águas Furtadas, espaço de arte e ilustração na zona da Vitória, de iPad na mão, a rabiscar enquanto espera. A partir de uma paleta de tons pastel, começa por desenhar o nariz e, inevitavelmente, aparece no ecrã uma qualquer figura conhecida, sempre de lado. “Desenho pessoas por quem sinto curiosidade ou uma ligação”, conta a artista, que já fez ilustrações de Frida Kahlo, Fernando Pessoa, Freddie Mercury ou António Variações.

Os tempos mortos são raros, mas trabalhar como  funcionária nas duas lojas das Águas Furtadas serve-lhe de autopromoção: ali vende os seus autocolantes, pins e ilustrações, entre os 2€ e os 12€. “Gosto de abordar as pessoas que estão a ver e dizer que fui eu que fiz”, diz Adriana. Os seus trabalhos podem ser comprados também em feiras e mercados de arte como a Sábado-Feira, no Maus Hábitos, ou o Abelha, no Centro Comercial Cedofeita. Não tanto para ganhar dinheiro, mas “para divulgar o trabalho e conhecer outros artistas”.

É quando chega a casa, ao fim do dia, que faz esticar as horas para embalar as ilustrações, gerir as encomendas, actualizar as redes sociais e pensar no que vai fazer a seguir. “O mais difícil é ter tempo para criar.”

Mariana Malhão

Manobrar o tempo é essencial na vida destes artistas, também produtores, agentes, gestores ou assessores. “Pode ser difícil gerir o trabalho, a galeria, a feira e as comissões”, reconhece Mariana Malhão, ilustradora, co-fundadora da galeria Senhora Presidenta e co-organizadora da Sábado-Feira, descrevendo o seu registo como um “misto de fofo, assustador e surrealista”.

É do ateliê nas traseiras da Senhora Presidenta que faz o malabarismo necessário para viver. Durante o processo criativo gosta de “ocupar a folha toda, de modo quase bruto, com cores e formas fortes”. Mas este não é um processo propriamente solitário, já que partilha o projecto com outros dois artistas, Dylan Silva e Luís Cepa. “Queríamos ter um espaço com coisas nossas para poder pagar a renda enquanto trabalhamos.”

Contudo, a galeria, que abriu em 2018 quando os três se juntaram à designer Célia Esteves, ainda é pouco rentável. “Às vezes tira mais do que dá”, confessa Mariana, mas, também há aqueles momentos em “aparece alguém que quer ver outros trabalhos” e o fôlego renova-se. Em 2017, Mariana Malhão criou, com Dylan Silva, a Sábado-Feira, que abre as portas a 30 artistas no Maus Hábitos. “Foi uma forma de motivarmos os outros como nos motivamos a nós próprios."

Mariana vende postais, prints, autocolantes e originais que vão de 1€ a 300€, mas o grosso do seu lucro vem do trabalho comissariado. “É preciso gerir bem, porque quando há um trabalho bem pago nunca se sabe quando haverá outro.”

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Francisco Fonseca

E por falar nisso, Francisco Fonseca dá-se bem com a adrenalina de acordar sem planos, embora tenha “sempre um pé de meia”. O ilustrador inspira-se nas paisagens para criar imagens “realistas que valorizam muito a técnica” e que mostram sítios emblemáticos como a Baixa do Porto ou o Douro vinhateiro, ou lugares com casas pitorescas no meio da natureza.

“O meu trabalho é mais vendível por integrar paisagens como o Douro”, nota Francisco, que começou a vender em plataformas online quando ainda era estudante. Apesar de tudo, é a capacidade de se adaptar a vários registos, da paisagem ao retrato, passando pelos murais (antes da ilustração fazia arte urbana), que lhe dá uma folga financeira. E mesmo vivendo das vendas online e das comissões, não descura o “sentido de comunidade” das feiras.

“No final compramos trabalhos uns aos outros para nos apoiarmos”, conta o artista, cujos postais, prints, totes e originais vão de 2€ a 500€.

Teresa Rego

Já Teresa Rego tem particular orgulho no tapete pendurado no estúdio que abriu recentemente perto do Carolina Michaelis. É uma peça original, 100% lã, feita em Portugal e custa 1250€. “Não sei se alguma vez vou vendê-lo, mas gera outras encomendas”, diz.

A ilustradora e designer formou-se no Reino Unido, onde trabalhou em design de montras, de interiores, de menus de restaurantes e em murais. Foi por lá que desenvolveu uma linha focada “no espaço natural e no espaço construído”, feita de texturas, padrões e cores vivas. Em 2018 voltou para Portugal com vontade de explorar vários formatos.

É essa experimentação que mostra no seu ateliê, showroom e oficina, onde dá workshops de ilustração e colagem (25€) ou de serigrafia em têxtil (45€), cujas receitas “servem para manter o espaço”. No futuro quer acolher exposições, workshops e conversas com artistas portugueses e estrangeiros para pôr o espaço a mexer, bem como para gerar mais público para o trabalho comissariado e para os seus prints e serigrafias (entre 15€ e 150€).

Teresa já participou em exposições colectivas e, tal como os seus três pares, não descarta a possibilidade de voos maiores, dentro ou fora do país, desde que os seus trabalhos se enquadrem nos espaços expositivos. “Não quero que o meu trabalho seja intocável.”

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