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Não duvide das suas capacidades de orientação quando chegar ao número 17 do Cais das Pedras. A entrada parece-se mais com a de um pub ou a de um restaurante, mas a recepção do hotel fica ao fundo, mesmo em frente ao balcão do bar.
Não estranhe também se, em vez de um papel no check-in, lhe estenderem um tablet para assinar digitalmente. “Somos um hotel paper free”, informam. E neste Vila Galé Porto Ribeira levam o conceito bem a sério. Mas já lá vamos.
É impossível não reparar na madeira escura e baça do chão e nos quadros a carvão que enchem as paredes do primeiro piso do mais recente quatro estrelas da cidade. As referências à pintura são evidentes e entram pelos quartos adentro.
Os corredores do hotel que uniu quatro edifícios antigos são estreitos, mas não claustrofóbicos, e nas paredes é possível observar o trabalho dos pintores que dão nome aos 67 quartos. O Michelangelo, o duplo onde passámos a noite, é espaçoso, tem boa luz, graças à grande janela que dá acesso a uma pequena varanda, e vista para o rio (sinal de que acordar vai ser mais fácil, prevê-se).
Está na hora do jantar. Há música ao vivo (a ideia é que às quintas, sextas e sábados haja animação com jazz ou piano) e o duo de guitarra e voz sabe bem como conquistar a clientela portuense. “Quem vem e atravessa o rio, junto à Serra do Pilar, vê um velho casario que se estende até ao mar”… Rui Veloso. Somos fáceis de conquistar e, no que toca ao Rui, nem nos importamos que pensem isso de nós.
A carta é estranhamente extensa (para um bar lounge, entenda-se). Mas a amostra que veio para a mesa agradou: uma salada de camarão com abacate, um hambúrguer com cebola caramelizada e bacon, um wrap de salmão fumado e lima, e uma tosta de fiambre e queijo. Até no campeonato das sobremesas houve surpresas: o bolo do dia à base de noz desapareceu e a Taça Porto, uma sobremesa com baunilha e pedaços de manga, fez alguns olhos brilhar.
O conceito paper free também chega à mesa, onde as cartas são mostradas num tablet. Bernardo Mesquita, director-adjunto de operações, admite que o terceiro hotel da cadeira a norte “é claramente um tubo de ensaio”. Não só pelo conceito paper free mas também porque “é um hotel que não tem spa nem sala de reuniões”.
Na manhã seguinte, ao pequeno-almoço, há uma mesa grande no lounge cheia de opções (e que faz desejar que se organizem aqui brunches brevemente): dos ovos, estrelados ou mexidos, ao bacon, passando pelos cereais para todos os gostos e dietas, iogurtes, fruta e vários (e bons) sumos. As bebidas quentes, os pães e os bolos estão no balcão do bar, agilizando a hora de ponta.
Em 2018 os Hotéis Vila Galé fazem 30 anos e, na altura em que soprarem as velas, já terão abertos 30 hotéis entre Portugal e o Brasil. Este Vila Galé Porto Ribeira, no Cais das Pedras, é o 28º. Até lá, vão inaugurar também as portas do hotel de Sintra e de Braga, ambos em Maio.
Um aparte: poderá ler algures que este hotel é vocacionado para maiores de 16 anos. Sim, é verdade, mas isso não quer dizer que barrem a entrada a crianças, até porque têm um menu dedicado aos mais novos e não faltam canais de bonecada na televisão. Só significa que não existem camas extra nem berços.