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No primeiro dia do 41º Portugal Fashion, os jovens criadores da plataforma Bloom voltaram a ter calendário próprio e local exclusivo. Na 15ª edição do desfile Bloom, que decorreu ontem à tarde, a moda entrou pelo Museu do Carro Eléctrico adentro e houve aventuras debaixo do mar, homenagens aos avós, colecções unissexo adaptadas ao corpo masculino e ao feminino, e até introspecções inspiradas em Fernando Pessoa.
Mas vamos por partes. Este desfile contou com oito jovens designers e 12 estudantes de seis escolas de moda. Misturaram-se ideias novas e irreverentes com música electrónica, uma boa luz, e fez-se magia. As duas primeiras escolas a abrir a passerelle com propostas para a Primavera/Verão 2018 foram a Escola de Moda do Porto e a CENATEX. Destaque para o uniforme militar sérvio de Patrícia Shim "em referência aos pais, heróis militares", como nos explica.
Ana Sarmento, da ESAD Matosinhos, inspirou-se no mundo subaquático onde não existem distinções entre o masculino e o feminino. As peças oversize e sem frente nem costas causaram burburinho na sala e ficaram na memória, já que não se falava de outra coisa nos corredores.
A chuva fazia-se ouvir lá fora e só se calou quando a música electrónica subiu de tom para a entrada dos manequins de David Catalán, um veterano nestas andanças. O designer espanhol pôs o dedo na ferida da gentrificação e puxou referências do hiper-realista Duane Hanson para as suas peças, ora oversize, ora justas. E nem nas cores houve aborrecimentos: começámos por peças vibrantes, com amarelos e verdes, e terminámos com gangas escuras e quadrados vichy, a preto e branco.
Inês Torcato fez aquilo a que já nos habituou: chapou uma reflexão muito própria nas suas peças de roupa. Em Mirror, mais um auto-retrato, como todas as suas colecções, a jovem criadora mostra que uma colecção nunca é realmente unissexo mas sim masculina porque uma mulher usa roupa masculina mas dificilmente um homem usará roupa feminina. Por isso mesmo, fez desfilar vários modelos iguais mas adaptados ao corpo feminino e masculino. Quase tudo em tons de preto e cinza.
A tarde terminou com o desfile nostálgico de Olimpia Davide, que deixou todos os amantes de moda presentes com vontade de ir visitar os avós. Evocou as cores, os cheiros e as memórias da casa dos avós, e incluiu na colecção alguns elementos muito pessoais, como o fato de trabalho do avô ou o colete bem justo do seu dia de casamento.
Os desfiles do segundo dia de Portugal Fashion começam às 16.00 na Alfândega do Porto. Pode seguir tudo nas nossas redes sociais.
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