A pandemia provocada pela Covid-19 trouxe muitas mudanças à vida das pessoas. O governo português aconselha o isolamento social e isso faz com que os cidadãos fiquem cada vez mais em casa. Ao mesmo tempo, o futuro incerto das empresas também deixou as pessoas mais inseguras financeiramente. As associações de animais já estão a sentir essa insegurança.
Em declarações à Time Out, a Associação Midas explicou o impacto desta situação. "Neste momento, há uma dificuldade em recebermos donativos em géneros, pois não pode haver deslocações. Financeiramente também está cada vez pior, porque as pessoas vivem na incerteza do futuro profissional e financeiro, logo, não doam", relata Lígia Andrade, a presidente da instituição.
Os processos de adopção também estão a sofrer os efeitos da crise. "Não há visitas ao abrigo neste momento e, se não damos animais, não acolhemos animais. O número de cães e gatos abandonados também vai disparar nos próximos tempos porque as recolhas estão suspensas", acrescentou. A este cenário junta-se ainda a redução do número de pessoas a trabalhar nos abrigos e a interrupção do voluntariado.
A situação descrita por Maria Teixeira Pinto, presidente da Animais de Rua, uma associação que se dedica essencialmente à esterilização de colónias de gatos e outros animais, é idêntica. "Temos 19 protocolos municipais em suspenso de Norte a Sul do país e Açores, com as esterilizações do nosso programa Capturar-Esterilizar-Devolver (CED) paradas. Isto significa que vão nascer milhares de animais nas ruas", conta.
Mas a associação não baixou os braços. "De momento estamos a prestar apoio alimentar a cuidadores de colónias idosos, infectados ou em quarentena/isolamento. São já cerca de 30 casos e sempre a crescer", descreve Maria Teixeira Pinto. Assim, as principais necessidades da associação são a ração, sobretudo de gato.
Sediada na Maia, a CãoViver também se adaptou à nova realidade, passando a trabalhar em serviços mínimos e suspendendo as adopções. "Apenas tratamos dos animais que temos no abrigo e normalmente vai uma pessoa de cada vez", conta Ana Ceriz, presidente da associação.