Encontros da Imagem: Alessia Rollo visualiza metáforas para a situação geopolítica actual dos refugiados
© Alessia RolloEncontros da Imagem: Alessia Rollo visualiza metáforas para a situação geopolítica actual dos refugiados
© Alessia Rollo

Encontros da Imagem: estas fotografias valem mais do que estas palavras

Os Encontros da Imagem olham para o mundo através da fotografia para o tentar compreender e transformar. Antevemos o programa do festival internacional que inaugura a 13 de Setembro

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É um dos mais importantes e antigos festivais de fotografia da Europa, que se soube adaptar aos tempos, tecnologias e desenvolvimentos estéticos da fotografia criativa contemporânea. Ao longo de um mês e meio, exposições de autores de todo o mundo espalham-se a partir de Braga por Barcelos, Guimarães e Porto. “Tem sido preocupação dos Encontros da Imagem, desde a sua criação, distribuir as exposições por diversos espaços da cidade e arredores”, explica Carlos Fontes, o director artístico e um dos fundadores do festival. Desde museus a conventos e mosteiros, galerias públicas e privadas, são vários os locais de interesse cultural e histórico. Isto leva as pessoas a “um conhecimento mais detalhado da cidade, do seu património, e a tomarem consciência da sua importância e necessidade da sua salvaguarda”. O programa inclui conferências, projecções fotográficas, uma mostra de livros de fotografia, um ciclo de cinema, um programa educativo e mais de 30 exposições que lançam um olhar incisivo sobre o que está a acontecer com o planeta e os seus habitantes.

Uma fotografia tem o poder de abrir janelas, de expandir horizontes, de mostrar mundos distantes do nosso, de oferecer perspectivas sobre a actualidade de forma a reconfigurar o futuro. Funciona como um espelho do mundo, das coisas belas mas também das más, às quais queremos mas não devemos fugir. Num mundo cada vez mais saturado de imagens, a fotografia tem um poder transformador. “A imagem adquire uma força inesperada, demonstrada pelo poder que tem de cativar e até mesmo de iludir. Os territórios da fotografia têm ganho cada vez mais importância e vivacidade. Nos dias de hoje, incorpora outras expressões plásticas e vice-versa, adquirindo dessa forma uma dimensão e expressão maiores”, refere Carlos.

Numa época de muros e fronteiras, a fotografia pode ajudar a não repetir os erros do passado: “Na sua essência é um reflexo vital dos nossos dias, um objecto de conhecimento e de saber, de interrogação e experimentação. E, por isso, é também um meio de captar, de forma inegável, a complexa realidade de um mundo em constante mudança, as vivências de determinados momentos e épocas, dando dessa forma os seus contributos para um alerta continuado dos erros que estão a ser cometidos.”

Nesta 29ª edição, o festival pretende “confrontar e reflectir em torno de algumas das actuais problemáticas contemporâneas, nomeadamente as que dizem respeito aos direitos humanos e ao ambiente”, com temáticas como a poluição, os refugiados, a xenofobia, as ditaduras, as sociedades capitalistas e as questões de género. Como Dustin Thierry, que criou uma ode aos afro-caribenhos que ainda não são livres para expressar a sua sexualidade ao máximo. Ou Pauliana Valente Pimentel, que escolheu jovens homossexuais e transexuais como protagonistas da sua exposição.

Já Nick Hannes documenta o Dubai como um parque de diversões para a globalização, o consumismo e o capitalismo. A cultura feminina em sociedades conservadoras é estudada por Johanna-Maria Fritz, que observa o papel das mulheres no mundo do circo da Palestina, Irão e Afeganistão. António Perez reflecte sobre a obsolescência programada dos produtos electrónicos e mostra para onde vai esse nosso lixo, através de imagens de uma lixeira no Gana para a qual a Europa envia os seus resíduos electrónicos. E Rubén Martín de Lucas pensa as relações entre as pessoas, o território e o planeta, sobre o qual temos um estranho sentimento de propriedade. Por sua vez, Marie Lukasiewicz denuncia a destruição de recifes de corais pela indústria farmacêutica – são fontes importantes para a criação de tratamentos e medicamentos, mas estão condenados à extinção. E enquanto Felipe Jacome documenta o êxodo dos migrantes venezuelanos, Alessia Rollo visualiza metáforas para a situação geopolítica actual dos refugiados, tão frequentemente reduzidos a estereótipos. Estas e muitas outras exposições podem ser visitadas até 27 de Outubro. Está na hora de enfrentar a realidade.

Mais em Braga

Somos um país de esplanadores, de indivíduos diletantes que não se preocupam com as horas quando sentam os quadris numa cadeira, com uma chávena de café ou um copo de vinho à frente. Se houver amigos à mistura, tanto melhor, se não, também não vem mal ao mundo. Somos suficientes e bastante eficientes no que toca a relaxar ao fim-de-semana ou depois de um árduo dia de trabalho. A pensar no seu bem-estar físico e mental — e já que a cidade dos Arcebispos, que foi considerada o segundo melhor destino europeu para 2019, fica aqui tão perto — preparámos-lhe esta lista com os melhores cafés em Braga. Bem bonitos.

A Letra acaba de instalar-se em Braga, a terra que a viu nascer. No novo bar, que dá pelo nome de Letraria Craft Beer Library, as cervejas harmonizam com petiscos, como a tábua de queijos e enchidos, rojões à Minho e croquetes de carne com queijo. Pratos como naco de alcatra ou entrecôte de carne maturada são especialidades do chef brasileiro José Pedroso (nome artístico: “Zé Cozinha”). A cerveja entra em quase tudo. O espaço funciona ainda como biblioteca comunitária, onde os clientes são convidados a trazer e a levar livros, ou a sentar-se a beber e a ler.

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