Homenagem às Carquejeiras do Porto
© João SaramagoHomenagem às Carquejeiras do Porto
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Roteiro pelas estátuas de mulheres no Porto

Apesar de estarem em minoria, há algumas estátuas no Porto que celebram as mulheres. Descubra onde estão.

Renata Lima Lobo
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Por todo o lado, são os homens que se vêm mais representados na arte pública, entre estátuas, monumentos ou memoriais, um reflexo dos principais livros de história. No entanto, a história portuguesa também está representada no feminino, embora em menor número, graças a mulheres que acabaram por marcar o seu tempo. Das artes à política, todas estas mulheres, das mais diversas classes sociais, mereceram homenagem nas ruas da cidade do Porto. E muitas mais o merecerão, mas isso já é outra história. Para já, fique com algumas das estátuas da cidade que celebram as mulheres.

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Roteiro pelas estátuas de mulheres no Porto

1. Da Cidade, às Carquejeiras

É uma estátua e também um pedido de perdão. Inaugurada no passado a 1 de Março de 2020, este monumento é uma homenagem às carquejeiras, mulheres pobres que transportavam, muitas vezes esfomeadas, entre 30 a 50 quilos de molhos de carqueja, que serviam como acendalha para os fornos das padarias e das lareiras das casas burguesas. Esta exploração do trabalho da mulher (recebiam uma miséria) decorreu entre finais do século XIX e meados do século XX e eram longos os percursos que percorriam. E nem todos eram planos. A carqueja era transportada da beira-rio até zonas como o Carvalhido, Paranhos, Boavista ou Antas e um dos pontos mais duros era a chamada “via dolorosa”, hoje Calçada das Carquejeiras, uma via que liga os Guindais às Fontainhas e que tem uma inclinação de 22%. No topo dessa rampa foi erguido este monumento, promovido pela Associação de Homenagem às Carquejeiras do Porto, fundada por Arminda Santos, a escultora que lhe deu forma.

2. Guilhermina Suggia

Foi uma das figuras mais relevantes na história da música portuense. A violoncelista, nascida em 1885 na cidade Invicta, era filha do músico Augusto Suggia, o seu primeiro professor de violoncelo e um apoio fundamental que a tornou na primeira violoncelista profissional e a primeira mulher a fazer carreira a solo em Portugal, aclamada em toda a Europa. Pode descobrir mais sobre ela nesta lista de grandes mulheres da cidade do Porto. Esta escultura mora na Rua do Tenente Valadim, em Ramalde, e foi criada pela escultora portuguesa Irene Vilar (1931-2008), em 1989. Vilar tem a sua obra representada em vários concelhos do país e também em Macau, onde existe um monumento da sua autoria chamado Abraço (1996) e que assinalou o regresso desse território à administração chinesa.

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3. Sophia de Mello Breyner Andresen

Nascida no Porto, foi a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões (1999), o mais importante galardão literário da língua portuguesa, e a segunda mulher a ser transladada para o Panteão Nacional, em 2014. Tem um busto em sua homenagem no Miradouro da Graça, em Lisboa, mas também na sua terra natal, naquela que foi a casa dos seus avós entre 1895 e 1930 e uma das primeiras fontes de inspiração para os seus contos e poemas. Um palacete vermelho conhecido como Casa Andresen, localizado no actual Jardim Botânico do Porto (ex-Quinta do Campo Alegre) e um imóvel restaurado para acolher em 2012 a Galeria da Biodiversidade, da Universidade do Porto. Nos jardins localiza-se este busto de Sophia, descerrado em 2011 por iniciativa da Universidade do Porto, em conjunto com a família da poeta e com a Fundação Engenheiro António de Almeida.

4. Carolina Michaelis

Filóloga, nascida em Berlim em 1851, mas portuguesa por casamento. Logo aos 16 anos, Carolina Michaelis publicou trabalhos sobre língua e literatura e poucos anos depois trabalhou como intérprete do Ministério do Interior alemão para os assuntos da Península Ibérica. O interesse por temas portugueses levou-a a conhecer o futuro marido, o musicólogo e historiador de arte Joaquim Vasconcelos, e muda-se para o Porto em 1876. Ainda passou seis meses em Lisboa a decifrar o Cancioneiro da Ajuda (um conjunto poético galaico-português do século XIII), que originou, em 1904, um dos seus muitos estudos publicados – Cancioneiro da Ajuda (2 volumes). Michaelis foi a primeira mulher a dar aulas numa universidade portuguesa, a de Coimbra, onde a partir de 1911 ensinou Filologia Germânica e Filologia Portuguesa, continuando sempre a residir na cidade do Porto, e nesse mesmo ano, foi eleita sócia da Academia das Ciências. Foi também a primeira directora da Lusitânia revista de estudos portugueses, durante os primeiros números, em 1924, vindo a falecer no ano seguinte. No Porto, também leccionou no Liceu Feminino, entre 1915 e 1916, que está na génese da actual Escola Secundária Carolina Michaelis (Rua Infanta D. Maria). Um novo edifício foi inaugurado em 1951 e poucos anos depois a filóloga passou a estar representada não só no nome, mas também num busto localizado no pátio de entrada da escola. No pedestal lê-se “Uma homenagem das antigas alunas do Liceu Carolina Michaelis (1915-1953)".

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5. Rosalía de Castro

Desde os anos 30 do século passado que o Porto tem uma Praça da Galiza, um topónimo que simboliza a amizade entre as duas regiões. E desde 1954 que existe uma estátua feminina nesta praça, uma obra em pedra do escultor modernista Barata Feyo que presta homenagem a Rosalía de Castro (1837-1885), escritora e poeta galega. E a maior referência literária e cultural da Galiza, já que entre as suas obras se destaca Cantares Gallegos (1863), o primeiro livro escrito inteiramente em galego, onde a autora desenvolve uma “alegoria nacional sobre a dignidade da Galiza (cultura, língua e paisagem) e sua epopeia (emigração)”, lê-se no site da Fundação Rosália de Castro, que também sublinha o seu “pensamento crítico ousado, especialmente social e feminista”.

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