Nesta reportagem encontrámos a Chapelaria Ideal em baixo de forma. A actual proprietária, Maria Emília, 75 anos, está há três anos num braço de ferro com o senhorio, que a quer pôr porta fora sem lhe pagar “uma indemnização que faça justiça aos anos da casa”, conta [e são muitos; desde 1890]. “Até já me estragou o tecto lá atrás, mas eu não saio”, diz, apontando para lá, enquanto se despede de um cliente antigo.
Este é apenas um dos casos que mostra porque é necessário esboçar algum tipo de plano de protecção das lojas centenárias. Maria Emília não sabe até quando vai aguentar, mas, por agora, vai continuar com as portas abertas, apesar de a oferta ser cada vez mais diminuta. Já não tem “aqueles chapéus italianos de 200€” como dantes, mas continua com as boinas e cartolas de São João da Madeira, de lã, caxemira e feltro.