Dalila só recebe clientes mediante marcação, uma vez que passa grande parte do tempo no ateliê, na parte de trás da loja, rodeada de laminadores, martelos de serralheiro, alicates de diferentes tamanhos, polidoras e adrastas mecânicas. As máquinas e as ferramentas brutas que criam as peças delicadas que vende.
“Quando me despeço de um cliente, visto a bata, apanho o cabelo, meto mãos à obra e fico toda preta em minutos”, ri.
Licenciada em arquitectura, trabalhou com Siza Vieira e com ele coordenou projectos na Coreia do Sul e no Japão. Mas desde criança que sentia um fascínio pela joalharia. “Pedia às minhas avós e à minha mãe para ver as jóias de família e ficava encantada com os pormenores”.
A joalharia só apareceu na sua vida muitos anos mais tarde. Todos os dias, Dalila passava a caminho de casa por uma escola que dava cursos em horário pós-laboral. “Na primeira aula aprendi a serrar metal. Cheguei a casa tão feliz, que percebi logo que era isso que eu queria fazer.”
O trabalho de Dalila diferencia-se pelas peças únicas e personalizáveis que cria – fez umas alianças de casamento que encaixavam uma na outra, por exemplo, para um casal na Coreia do Sul. E aposta sobretudo na geometria e na ilusão de óptica. “Gosto que as peças tenham um segredo, que exijam um segundo olhar.”