Don Lopo
©Cláudia Paiva
©Cláudia Paiva

Don Lopo. No primeiro hospital do Porto agora tratam-lhe do estilo

Saiba mais sobre esta nova loja carregada de fatos, camisas e acontecimentos históricos

Mariana Morais Pinheiro
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Sente-se confortavelmente, 900 anos não são para serem lidos de ânimo leve. E esta história que lhe contamos agora começou 
há muito, muito tempo, numa altura em que ainda íamos apenas no segundo rei em Portugal.

D. Sancho I, filho de Afonso Henriques, mandou fundar, 
em finais do século XII, inícios do século XIII, o Hospital-Albergaria de Roque Amador,
 o primeiro hospital do Porto, onde, em Dezembro, abriu a Don Lopo, uma loja de roupa onde tudo é escolhido a dedo. Mas já lá vamos, porque esta história merece ser contada.

Trezentos anos após a sua edificação, em 1521, em plena época dos Descobrimentos, D. Manuel I cede o espaço à Santa Casa da Misericórdia, que, mais tarde, em 1605, o aumenta, graças a D. Lopo de Almeida, um benfeitor. Foi graças a ele que, quatro décadas mais tarde, os portuenses começaram a receber as primeiras cirurgias.

“O nome da loja é uma homenagem a este homem”, conta Paulo Ribeiro, o dono do espaço. “Este hospital deixou de funcionar quando foi construído o Hospital de Santo António [século XVIII]
 e passou a ser uma Casa da Roda, onde eram deixadas as crianças abandonadas. Depois, ficou muito tempo abandonado. Quando aqui cheguei, havia lixo até aos joelhos, animais mortos e estava tudo tapado com tijolo e cimento”.

Paulo passou os 11 meses seguintes a limpar. Pediu a um arqueólogo que lhe avaliasse o espaço e este percebeu que aqui tinha também funcionado uma capela. “Os nichos onde antes estavam as camas da enfermaria, passaram a ser altares”, acrescenta.

Hoje, as pedras centenárias estão finalmente a descoberto e acolhem uma loja de roupa pensada inicialmente para homem.

“Eu nasci no mundo da moda e sempre tive uma relação muito próxima com esta área. Os meus pais tinham uma fábrica de confecção de roupa para senhora e uma loja aqui no Porto. Além disso, a minha mulher tem muita experiência em vendas e um vasto conhecimento quando se fala de roupa de qualidade para homem, por isso, pareceu-nos lógico abrir um espaço nosso”.

De forma a rentabilizar a dimensão da loja, de tectos 
altos e grandes áreas, decidiram juntar às camisas e aos fatos masculinos de marcas nacionais e estrangeiras, aos sapatos
 de fabrico nacional, e aos acessórios como suspensórios e lenços de bolso, peças para o guarda-roupa feminino. Nos cabides há, portanto, túnicas, vestidos e casacões grossos, e, nas vitrines, peças de joalharia e óculos de sol.

Mas não é tudo, à entrada há mobiliário pequeno e peças de decoração para a casa, como sofás, objectos de cerâmica, máscaras étnicas e centros de mesa. E, ao fundo, uma pequena loja com produtos tradicionais, gerida pela Quinta D’Ameã. A par das compotas, marmeladas, geleias e licores de produção própria, a marca também vende azeites, vinagres aromatizados, vinhos do Porto, mel, chocolates, bolachas e biscoitos, e algum artesanato.

Este espaço, além de pôr a descoberto séculos de história, quer ainda recuperar uma profissão quase em extinção. Tem um alfaiate (o senhor Meireles, com 50 anos de experiência no ofício) a fazer fatos por medida a quem o desejar.

Para breve, será inaugurada uma cafetaria, onde vai poder relaxar enquanto espera que lhe tirem as medidas.

Don Lopo - Rua dos Caldeireiros, 43. 96 367 8780. Seg-Sáb 10.00-19.00.

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