Sílvia, a guardiã da cor
É preciso recuar quase dois anos, até Outubro de 2021, para encontrar o primeiro desfile da Ahcor, marca criada por Sílvia Rocha (26 anos). Um sobressalto de cor, um jogo de camadas, um baralhar e voltar a dar de padrões e texturas que trouxeram à passerelle do Portugal Fashion, a semana da moda do Porto, um toque de teatralidade. A jovem designer pode ter vindo a depurar as suas silhuetas, mas a linguagem permanece a mesma.
A queda para o maximalismo, explica, tal como o impulso para misturar elementos, manifestaram-se cedo. O uso da cor é, no caso, uma questão de identidade. “Apesar de gostar muito de usar branco ou cores mais sóbrias, preciso de ter vida e são as cores quentes que me trazem isso. Não é uma questão de gosto, é porque preciso delas para conseguir expressar-me melhor”, explica à Time Out.
Ao mesmo tempo, o guarda-roupa feminino proposto explora frequentemente folhos e volumes românticos, justapondo-os a peças oversized, mais contemporâneas. Lado a lado com preocupações de estilo, estão também questões de sustentabilidade. O deadstock tem estado presente, estação após estação. Na próxima colecção, Sílvia pensa já em incluir um material reciclado. As quantidades, essas, são para manter limitadas, bem à escala de uma pequena marca independente.
Ainda assim, está a ser um período de crescimento para a Ahcor – ganhou um atelier amplo, com uma mesa de corte generosa e duas máquinas de costura, e está ainda à procura de um braço direito. A marca tornou-se auto-suficiente no último ano e conquistou já um núcleo de clientes fiéis no Instagram. Se dúvidas houvesse, esta filha de uma pintora e de um carpinteiro (e ainda havia um vizinho alfaiate a ajudar à festa) parece ter trilhado o caminho certo. Afinal, a tendência para as artes veio cedo à tona. “Logo no 9.º ano tornou-se muito claro que o que queria era seguir moda”, adiciona.