Novos designers de moda do Porto, no Museu Nacional Soares dos Reis
© Eduardo MartinsDesigners de moda do Porto fotografados no Museu Nacional de Soares dos Reis.
© Eduardo Martins

Made in Porto: conheça a nova geração de designers de moda

São criativos, ousados e preocupados com o planeta. Apresentamos-lhe cinco jovens criadores de moda que estão a dar que falar.

Mauro Gonçalves
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A relação entre o Porto e a moda é longa. Afinal, é a norte que fica a grande máquina de produção têxtil nacional e, consequentemente, grande parte dos seus criativos. Fomos, por isso, medir o pulso à nova geração de designers de moda na cidade. Para que possa conhecê-la melhor, traçamos o perfil de cinco jovens criadores, entre os 23 e os 32 anos, que estão a dar cartas, dentro e fora das passerelles, com o seu talento e irreverência. Tome nota dos nomes porque vai ouvi-los por muito tempo.

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A nova geração de designers de moda do Porto

Sílvia, a guardiã da cor

É preciso recuar quase dois anos, até Outubro de 2021, para encontrar o primeiro desfile da Ahcor, marca criada por Sílvia Rocha (26 anos). Um sobressalto de cor, um jogo de camadas, um baralhar e voltar a dar de padrões e texturas que trouxeram à passerelle do Portugal Fashion, a semana da moda do Porto, um toque de teatralidade. A jovem designer pode ter vindo a depurar as suas silhuetas, mas a linguagem permanece a mesma.

A queda para o maximalismo, explica, tal como o impulso para misturar elementos, manifestaram-se cedo. O uso da cor é, no caso, uma questão de identidade. “Apesar de gostar muito de usar branco ou cores mais sóbrias, preciso de ter vida e são as cores quentes que me trazem isso. Não é uma questão de gosto, é porque preciso delas para conseguir expressar-me melhor”, explica à Time Out.

Ao mesmo tempo, o guarda-roupa feminino proposto explora frequentemente folhos e volumes românticos, justapondo-os a peças oversized, mais contemporâneas. Lado a lado com preocupações de estilo, estão também questões de sustentabilidade. O deadstock tem estado presente, estação após estação. Na próxima colecção, Sílvia pensa já em incluir um material reciclado. As quantidades, essas, são para manter limitadas, bem à escala de uma pequena marca independente.

Ainda assim, está a ser um período de crescimento para a Ahcor – ganhou um atelier amplo, com uma mesa de corte generosa e duas máquinas de costura, e está ainda à procura de um braço direito. A marca tornou-se auto-suficiente no último ano e conquistou já um núcleo de clientes fiéis no Instagram. Se dúvidas houvesse, esta filha de uma pintora e de um carpinteiro (e ainda havia um vizinho alfaiate a ajudar à festa) parece ter trilhado o caminho certo. Afinal, a tendência para as artes veio cedo à tona. “Logo no 9.º ano tornou-se muito claro que o que queria era seguir moda”, adiciona.

Filipe, o mestre da fluidez

A mira estava apontada noutra direcção. “Foi uma descoberta. Estava a fazer o [ensino] secundário em artes, com a perspectiva de ir para Arquitectura. Nem pensava em moda”, começa por contar Filipe Augusto (30 anos). Um trabalho sobre a história do vestuário trocou-lhe as voltas. Decidiu arriscar e ingressar na escola por onde passaram muitos dos designers portugueses já estabelecidos, o Modatex. Mas nada disto sem uma boa dose de incerteza. “Via os meus colegas já com um conhecimento muito avançado sobre moda. Estava muito reticente”, continua.

Na verdade, havia pouco motivo para preocupações. No final do curso, foi um dos alunos seleccionados para participar no desfile da escola, no Portugal Fashion; estagiou com Luís Buchinho; e participou em duas edições do concurso Sangue Novo da ModaLisboa. À segunda, sagrou-se vencedor. O prémio incluía voar para Milão e aperfeiçoar o ofício e, no regresso, manteve relações com a semana da moda lisboeta, onde apresenta até hoje.

A moda masculina foi uma escolha natural. “Era tudo muito clássico, ainda não havia grandes designers a explorar o menswear. Além disso, acho que cada vez mais me projecto nas minhas colecções. Há detalhes que vou buscar ao vestuário de senhora, mas o fit das peças é muito mais masculino.” O resultado é um guarda-roupa suficientemente fluido para ser categorizado como genderless, tendência à escala mundial e na qual o jovem designer já deu provas de talento – figura em produções de moda internacionais e vestiu recentemente a banda italiana Måneskin.

Na base de cada colecção está quase sempre um regresso à infância – Filipe cresceu numa aldeia perto da Régua –, mas também à tradição e ao folclore portugueses. Já se inspirou nas saias nazarenas, mas a próxima estação revisita o velho hábito de lavar roupa em rios e ribeiros. Fala numa paleta mais luminosa, mas também em referências como água, sabão e lençóis a corar.

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Maria, a designer livre

Se há quem trabalhe o guarda-roupa masculino incorporando elementos tradicionalmente femininos, aqui o exercício vai no sentido inverso – uma silhueta de mulher repleta de referências de alfaiataria e uma dicotomia praticamente constante entre rigidez e fluidez. Se consistência e coerência são dois dos valores que um designer almeja alcançar, Maria Carlos Baptista (32 anos) já mostrou ser capaz de se manter fiel à própria linguagem. “É algo que tenho apreciado muito nos designers da minha geração – respeitamos mais o nosso processo criativo, nota-se um cunho pessoal maior e acho que, cada vez mais, sentimos a necessidade de haver uma individualidade no trabalho de cada um. Isso é muito bom, não é criar produto por criar”, assinala.

Vem do mundo da dança, razão pela qual tem uma visão integrada do que é a moda e de como esta pode, simultaneamente, vestir um corpo e habitar um espaço. Em 2020, ganhou o concurso Bloom do Portugal Fashion, dedicado a impulsionar novos designers. Um ano depois, integrava a comitiva de criadores portugueses em Paris. Ausente da passerelle há quase um ano, prepara agora o regresso, mas sempre respeitando o próprio relógio criativo.

“A marca continua, mas devagarinho. Ter a pressão de criar, de responder a timings e uma colecção para apresentar de seis em seis meses, se estiver a forçar algo que não vai ser natural, não faz sentido. Para mim, o encanto desta área é esse: poder entregar algo que seja uma necessidade para alguém, mas que tenha um cunho que é meu; ter o meu vocabulário e transmitir isso através de uma simples peça.”

Para já, prefere manter outro tipo de abordagem – pessoal e exclusiva, com peças feitas à medida de cada cliente. É o que tem acontecido com Carminho, um trabalho que consiste em desenvolver toda a imagem da cantora, mas também com figurinos de dança. Aí, Maria está duplamente em casa.

Andreia, a apaixonada pelo detalhe

Andreia Reimão (23 anos) lembra-se do que a fez apaixonar-se pela moda, tinha, no máximo, 12 anos. Estávamos em plena era Marc Jacobs na Louis Vuitton e os desfiles eram espectáculos grandiosos e inventivos. “Queria fazer parte daquele mundo”, recorda. Sem dúvidas do que seria o futuro, pelo menos no que toca à área de formação, foi coleccionando outras referências, muitas delas na área da moda masculina – Prada, Dries van Noten, Grace Wales Bonner. Surpreendentemente, o clique não foi imediato. “O meu objectivo era criar a mulher Reimão, mas participava em concursos e nunca chegava à final.”

Seguiu-se um estágio no estúdio de Pedro Pedro e mais tarde a chegada ao Modatex. Mas foi preciso a pandemia deixar tudo em suspenso para Andreia descobrir a verdadeira vocação. “Começou por ser um bocado por aborrecimento. Encontrei umas fotografias incríveis de um fotógrafo chamado Ken Hermann, a série Flower Men, e isso levou-me a desenvolver a minha primeira colecção de menswear. No final, adorei”, continua. Concorreu ao Sangue Novo da ModaLisboa, onde as colecções de mulher já tinham batido na trave. Desta vez, não só desfilou, como passou à fase seguinte.

Da passerelle lisboeta para o Porto, é lá que actualmente apresenta as colecções, duas por ano. No cerne do projecto Reimão (Andreia resiste em chamar-lhe marca), está o abrir do guarda-roupa masculino a todo o tipo de referências. “Não sinto que esteja restringida ao menswear. Olho para o meu trabalho até como uma forma de protesto porque incomoda-me o facto de nunca ter havido muita evolução a nível de vestuário masculino. Então, quero fazer esse questionamento, quero pôr a alfaiataria clássica em causa”, remata. Tarefa que ainda agora encetou e que, no que depender dos planos, ainda dará pano para mangas.

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Rita, a desconstrutora

Cresceu rodeada de máquinas de costura – a da avó, onde fez as primeiras bolsinhas de tecido, e a da tia, com quem passava as férias de Verão e que ajudava a desmanchar umas quantas peças de roupa. “Acabei por aprender a confeccionar assim, a observar e a desmanchar. Acho que vem daí este meu registo de desconstrução das peças e de tentar brincar com as proporções”, afirma Rita Sousa (27 anos), designer de moda formada no Porto, pelo Modatex, mas que em 2020 escolheu a passerelle da ModaLisboa para apresentar trabalho.

Desconstruir para construir de novo, virar, enviesar, coser à vista – o exercício criativo feito sob o selo Arndes assenta na manipulação dos materiais, sem esconder a natureza experimental da sua criadora. A sustentabilidade faz igualmente parte da lista de prioridades deste projecto-marca, quer através de tecidos parados em armazéns, quer através de peças que ninguém quer. “A questão do deadstock é super importante para mim. Acho que sempre fiz esse reaproveitamento de forma inconsciente. Lembro-me de ser pequena e da minha avó ir aos farrapeiros.” Enquanto isso, a roupa em segunda mão é meticulosamente escolhida para ser trabalhada, reparada e transformada em novas peças. “Estou aberta no caso de uma fábrica querer desenvolver um material sustentável ou inovador. Mas o meu objectivo não é fazer grandes produções. Quero que as pessoas se sintam únicas, como os próprios materiais também o são.”

No mundo da moda, guarda referências universais – Margiela, Jil Sander, Céline –, com quem partilha a mesma depuração das linhas e a complexidade aparentemente singela dos cortes. No futuro, quer cimentar a marca. É, aliás, a pensar nisso que está a tirar um curso de planos de negócios.

Lojas do Porto para descobrir

  • Compras
  • Floristas

Não duram eternamente, mas fazem feliz quem as recebe (a não ser que seja alérgico). Um ramo de flores é, provavelmente, o presente mais versátil de que há memória e cai bem em praticamente todas as ocasiões. Sejam amarelas, brancas ou vermelhas; tulipas, rosas ou malmequeres, nesta lista vai encontrar estas flores e muitas mais à venda nas melhores floristas no Porto, onde vai encontrar opções para todos os gostos, que vão do estilo mais clássico ao mais moderno e arrojado. O que também pode acompanhar bem um ramo, é uma caixa dos melhores chocolates da cidade ou uma peça de uma joalharia ou ourivesaria

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  • Compras
  • Antiguidades

Há coisas que ficam bem melhores assim que os anos começam a passar por elas, como o vinho do Porto, por exemplo. Mas copos à parte, e porque a nostalgia e o saudosismo dos tempos idos está na moda, fizemos-lhe uma lista com as melhores lojas de antiguidades no Porto, porque é impossível resistir ao charme da velhice de algumas peças que aqui se vendem. O que não falta é variedade nestas lojas, onde vai encontrar peças de outros tempos, desde material fotográfico a placas toponímicas da Invicta.

Comprar artigos em segunda mão é uma óptima forma de ser mais amigo do ambiente, mas também o pode fazer indo às compras em mercearias a granel, ou nas lojas sustentáveis da cidade.

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  • Compras
  • Mercearias

Comprar apenas a quantidade necessária para consumir é uma boa forma de poupar dinheiro, mas não só. Nestas lojas para comprar a granel no Porto, novas e tradicionais, também é fácil poupar a sua saúde, levando para casa frutos secos, cereais, especiarias, ervas aromáticas e chás, na maior parte das vezes de qualidade superior à que encontra nos supermercados. A redução do plástico também pode ser uma motivação para comprar a granel, já que estes espaços aceitam (e até incentivam) que os clientes levem as suas próprias embalagens – vale saquinhos de papel, frascos de vidro ou até tupperwares. 

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