Sem ela, os alunos do Porto de Belas-Artes e de Arquitectura não seriam os mesmos. É aqui que encontram o material técnico necessário para os cursos, numa casa que sempre teve os estudantes (e os pintores) como os principais parceiros – mas sem esquecer o público não especializado, que continua a vir comprar aqueles lápis ou aquele tipo de papel que já não se vê em mais lado nenhum.
Há movimento, sim, inclusive algumas horas de ponta, mas Maria Luísa Pinho, 53 anos, mais de metade deles passados na Modelo, confessa que já não é a mesma coisa. “Os lucros desceram significativamente a partir de 2000. Éramos 11 trabalhadores, sete ao balcão, e agora somos quatro ao todo, mais o patrão.” Maria, que chegou a conhecer vários países da Europa em viagens de trabalho, queixa-se da falta de moradores na zona, do encerramento de estabelecimentos mais antigos, que se “ajudavam uns aos outros”, e da invasão de hotéis e apartamentos turísticos.
Os turistas estão em peso na vizinhança, mas Maria garante que a Modelo vai continuar igual, sem se tornar “numa loja de souvenirs”.