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Oito minisséries para ver durante as férias

Os ecrãs são desaconselhados durante as férias. A não ser que seja só um bocadinho. Damos-lhe oito minisséries para os intervalos do sol.

Hugo Torres
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A praia requer uma utilização cautelosa de perecíveis. Um erro comum é misturar comida e bebidas na mesma mala térmica: uma prática pouco recomendável visto que, com o calor, a sede é mais frequente do que a fome, e a abertura recorrente da arca fará subir a temperatura e acelerar a decomposição dos alimentos (atenção a esses ovinhos cozidos). No mundo novo, no entanto, a preocupação não se atém às sandes de queijo e aos iogurtes. Há dois outros bens cuja perecibilidade preocupa os humanos que se aventuram para além do horizonte das instalações eléctricas: a bateria do telefone e os dados móveis. O que propomos é, portanto, uma parcimoniosa utilização destes adulados recursos para quem se recusa a moderar o binge watching. Mesmo diante do mar todo-poderoso.

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Oito séries curtas para ver durante as férias:

The English Game

Isto vai ser um jogo entre a Netflix e a HBO, as maiores plataformas de streaming deste lado do Atlântico (e, spoiler alert, vai acabar num empate 4-4). Comecemos, por isso, com uma proposta da equipa rubro-negra dedicada aos primórdios do “beautiful game”, o futebol, ainda antes de o jogo ser bonito. The English Game é sobre o fim da hegemonia das equipas aristocráticas, no século XIX, e a importância que a profissionalização das equipas proletárias teve na popularização deste desporto na Inglaterra natal. Não faltam imprecisões históricas a esta minissérie de Julian Fellowes, o criador de Downton Abbey, mas o espírito da época está lá. 1-0 para a Netflix.

Netflix. Seis episódios.

Quiz

Os concursos de cultura geral são uma espécie de jogo e um dos mais populares do género, o Quem Quer Ser Milionário?, foi palco do maior escândalo da televisão inglesa. Aconteceu em 2001, quando um major do Exército ganhou um milhão de libras e foi posteriormente condenado por ter arquitectado com a mulher um esquema fraudulento que lhe permitiu vencer o concurso. Stephen Fears realiza, Matthew Macfadyen (Succession), Sian Clifford (Fleabag) e Michael Sheen (Masters of Sex) protagonizam. 1-1.

HBO. Três episódios.

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Trial by Media

Com uma equipa de produtores executivos que inclui George Clooney e David Gelb (Jiro Dreams of Sushi, Chef’s Table), Trial by Media é uma minissérie documental sobre casos mediáticos que tiveram direito a julgamento duplo: o tradicional, em tribunal, e o popular, através dos meios de comunicação. Das ondas de choque provocadas por um homicídio homofóbico desencadeado num talk show ao caso do governador acusado de corrupção por tentar vender o lugar no Senado de Barack Obama, mostra-se como os media podem moldar a percepção do público e inocentar ou condenar à revelia do sistema judicial. 2-1.

Netflix. Seis episódios.

I Know This Much is True

A busca pela verdade não é, no entanto, um exclusivo dos tribunais. A verdade é fugidia, angulosa e dada a interpretações. Captar uma ínfima parte desse santo graal já é uma vitória e as personagens interpretadas por Mark Ruffalo nesta minissérie, os gémeos Thomas e Dominick Birdsey, dividem-se entre o que procura e o que encontra. O primeiro sofre de esquizofrenia paranóide e está disposto a sacrificar-se em nome de um bem maior. O segundo leva às costas o irmão e toda a dramática história familiar, e é nessa luta infinita que encontra uma lasca da verdade ancestral que afadiga os humanos desde sempre. 2-2.

HBO. Seis episódios.

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The Luminaries

O dinheiro é um velho carrasco de buscas ético-filosóficas. Na década de 1860, em plena febre do ouro na Nova Zelândia, a única verdade que importava era mineral. E é nessa corrida – ou melhor, na viagem de barco para essa corrida, na costa oeste na Ilha do Sul – que Anna Wetherell (Eve Hewson) e Emery Staines (Himesh Patel) se enamoram e preparam para a grande aventura. Até a cartomante Lydia Wells (Eva Green) intervir e lhes armadilhar o futuro. A minissérie adapta o romance com que Eleanor Catton venceu o Man Booker, numa mistura de drama, amor, vingança e morte. 2-3.

HBO. Seis episódios.

Madam C.J. Walker: Uma Vida Empreendedora

Fortuna fez Sarah Breedlove, uma lavadeira filha de escravos do Sul dos Estados Unidos que ficou para a história como Senhora C.J. Walker, o nome do seu terceiro marido. É tida como a primeira mulher daquele país a subir a pulso à condição de milionária, graças à sua determinação em criar e vender cosméticos e produtos para o cabelo para mulheres negras, e à constante ambição de expandir o negócio. Como foi isso possível numa sociedade segregada e patriarcal é o que se fica a saber em doses de 45 a 50 minutos. 3-3.

Netflix. Quatro episódios

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Unorthodox

Coragem e acção não faltaram a Esther Shapiro (Shira Haas), uma jovem judia que decidiu abandonar o casamento arranjado e a opressão da comunidade ultra-ortodoxa em que cresceu, em Brooklyn, para ir à procura da mãe na terra maldita, a Alemanha. Sozinha em Berlim, vê-se completamente deslocada e fora de tempo, resistindo a visitar a mãe, que vive com outra mulher. Encontra abrigo num grupo de estudantes de música, a sua grande e proibida paixão. Uma minissérie maioritariamente falada em ídiche e inspirada na autobiografia de Deborah Feldman, que termina numa cena de cortar a respiração. 4-3.

Netflix. Quatro episódios.

Devs

Os apartamentos plastificados e os hábitos culturais retratados na série anterior podem parecer irreais, mas o que está à vista nem sempre é o problema. É o caso desta ficção científica criada por Alex Garland, o realizador de Ex Machina (e autor de A Praia), que acompanha as investigações de Lily Chan (Sonoya Mizuno) a uma divisão secreta da empresa tecnológica para a qual trabalha e que é dirigida por Forest (Nick Offerman). A jovem engenheira informática acredita que aí encontrará o motivo da morte do namorado. Esta minissérie explora o lado obscuro de Silicon Valley e estabelece o resultado final: 4-4.

HBO. Oito episódios.

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