the passenger hostel
©Marco Duarte
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The Passenger Hostel: não tem revisor mas tem as camaratas mais bonitas da cidade

Há um hostel com vista para a plataforma da Estação de São Bento. Fomos conhecer o The Passenger Hostel e nem foi preciso validar o bilhete

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Há quem diga que o seu alojamento fica perto de São Bento, mas só quem fica hospedado no The Passenger Hostel pode dizer, com propriedade, que dormiu dentro da própria estação e sem infringir nenhuma lei. Este hostel está instalado de tal forma no coração da estação ferroviária, que a entrada fica mesmo na plataforma, a dois passos das linhas de onde partem e onde chegam diariamente dezenas de comboios suburbanos.

The Passenger Hostel: não tem pica mas tem as camaratas mais bonitas da cidade

Vamos começar por descansar os mais cépticos no que diz respeito a obras e a “modernices” em edifícios históricos da cidade. Aqui foi tudo preservado: a madeira da escadaria, as portas gigantes de três metros e meio, e até a estrutura interna e externa do espaço. É o que nos diz Rita Correia Figueira, a responsável pelo projecto.

Logo à entrada há uma zona comum com bar, sofás e uma viola pronta para ser tocada. Mas este não é o único espaço que convida a relaxar. No topo da escadaria em madeira há uma mezzanine com uma grande janela virada para a movimentada plataforma. Aí vai encontrar sofás, revistas e um piano. “É engraçado… Temos sido agraciados com muitos hóspedes que sabem tocar e se sentam aí a dar música”, confessa Rita.

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Ignorámos a existência do elevador só para podermos subir a imponente escadaria de madeira original que dá acesso aos quartos. Pelo caminho parámos numa grande janela, com três metros e meio, onde Rita teve o cuidado de improvisar um banco almofadado para quem quiser ler um livro com boa luz natural ou simplesmente recuperar o fôlego.

No primeiro andar, uma grande porta dá acesso a um corredor comprido. Desta vez, a madeira do chão é coberta com uma carpete cinza. Este andar está reservado para quartos privados. 

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Alojam desde um a quatro hóspedes. Como? Com a ajuda de mobília transformável. Ou seja, todos os quartos têm uma mezzanine com camas - até porque o pé direito dos quartos é de seis metros - e a zona inferior, onde fica normalmente a sala, pode ver nascer uma cama a partir de uma secretária ou a partir de um armário da parede. 

Preços: Quartos privados a partir de 60€.

Nestes casos, tanto a casa de banho como a cozinha são partilhadas. E é aqui que é servido o pequeno-almoço, incluído no preço da estadia.

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Ao fundo do corredor encontrámos uma pequena e antiga biblioteca, daquelas com direito a escadinha para subir para o segundo andar. “Já cá estava e estamos a sugerir aos nossos hóspedes que deixem cá um livro e nos ajudem a preenchê-la”, diz Rita.

Atrás da última porta do primeiro andar fica a suíte, que inclui um quarto, também em mezzanine, uma grande sala com vista para a Avenida dos Aliados, e uma casa de banho. Quando a suíte não está ocupada, esta sala é de uso comum dos hóspedes.

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O segundo andar está reservado a camaratas. Têm todas dez camas, à excepção de uma, que tem 12. E, mais uma vez, o pé direito generoso do edifício levou a uma solução diferente. Em vez de beliches, o The Passenger Hostel tem triliches. Com três camas, portanto. Há camaratas femininas, masculinas, e mistas, e as camas têm, além de luz de leitura, tomada e cortina, um cacifo que se abre apenas com a pulseira electrónica que os hóspedes recebem no check-in.

Preços: Cama em camarata a partir de 19€.

A cozinha dos hóspedes das camaratas fica no terceiro andar. Toda feita em madeira e com três grandes mesas comunitárias, é normal encontrar por aqui estrangeiros a cozinhar ao mesmo tempo que dançam. Não faltam também sofás para relaxar e uma grande televisão na zona de convívio. “É aqui que, num futuro próximo, vamos fazer workshops de comida”, diz Rita, entusiasmada.

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O jardim de Inverno, separado da grande cozinha por uma porta de vidro, está quase a chegar. Por enquanto só se vê o chão e as telhas da estação, mas é aqui que vai nascer o jardim interior que dará acesso a uma das salas mais surpreendentes: a torre do relógio. Sim, estamos a alguns metros do relógio da Estação de São Bento e a ideia é que esta sala seja usada para exposições.

“O facto de este ser um monumento nacional trouxe-nos muitos impedimentos”, confessa Rita, “por isso, tivemos de arranjar soluções para alguns espaços. Por exemplo, as casas de banho são estruturas que foram colocadas”. Assim, se algum dia o hostel de 120 camas deixar de ocupar este espaço, tudo voltará à sua forma original. 

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Foi de capacete na cabeça e colete reflector que entrámos nas obras de recuperação e ampliação do Hotel Infante Sagres. “Queremos voltar a ser um ponto de paragem na cidade”, diz Carlos Trindade, o director do hotel. A ambição é grande e é suportada pela experiência do grupo The Fladgate Partnership (que adquiriu o alojamento em Abril de 2016), também detentor de outros dois hotéis de luxo: o The Yeatman, em Gaia, e o Vintage House Hotel, no Pinhão. © Cláudia Paiva A 3 de Novembro saíram os últimos hóspedes do primeiro hotel de luxo do Porto e as obras arrancaram três dias depois. Em Abril de 2018, mês previsto para a reabertura do hotel da Praça Filipa de Lencastre, o Infante Sagres terá 72 quartos e dez suites, uma piscina, spa e ginásio e ainda 600 metros quadrados de comidas e bebidas. A entrada imponente, com uma pequena escadaria, encontra-se coberta por tábuas de madeira, e mais ao fundo o pátio interior tem agora um buraco no meio para facilitar as obras. © Cláudia Paiva O investimento é grande: 7,5 milhões de euros para aumentar e recuperar o hotel inaugurado em 1951. E como é que se recupera um edifício histórico da cidade? Com escovas de dentes. Parece piada mas é verdade. Este é o objecto utilizado para recuperar a folha de ouro original do tecto de algumas salas. Trata-se de um trabalho moroso mas necessário que pode chegar aos quatro meses. © Cláudia Paiva Começamos a subir a escadaria, tão emblemática para o hotel como o próprio para a cidade
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