A 43.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), que se realiza no Porto desde 1978, sem falhar um único ano, foi adiada para 2021. Mas a organização convida pais e filhos a juntar-se para uma nova celebração: a de O Meu Primeiro FITEI, uma iniciativa dedicada ao público infanto-juvenil e às famílias. Apesar de arrancar na sexta-feira, 30 de Outubro, o primeiro dia é exclusivo para a comunidade escolar, com transmissão online e uma conversa com os artistas. No fim-de-semana é que pode “fitar” com a família toda no Teatro Helena Sá e Costa.
“O FITEI teve, há mais de uma década, o chamado FITEIzinho, no âmbito da própria programação, e de certa forma as propostas para a infância e juventude sempre foram surgindo. No entanto, não é o foco do festival, que é uma das principais mostras de artes performativas, tanto a nível nacional como no espaço ibero-americano. Mas pensámos que seria muito interessante tornar realidade este conceito, que no fundo é uma aproximação às famílias e aos mais novos do que pode ser um FITEI grande”, conta ao telefone o director artístico, Gonçalo Amorim. “Neste caso, um festival muito vocacionado para a lusofonia, mas a olhar também para o sul do mundo, com uma programação que dê conta das assimetrias.”
Condicionada pela actual pandemia, a estreia de O Meu Primeiro FITEI acontece numa versão experimental e reduzida com apenas dois espectáculos, ambos “fruto do nosso tempo”.
Criado a partir de textos originais, poesia oral de mulheres afegãs e um poema de Eduardo Galeano, Mapa – Contos e Cantos (Sáb 31 e Dom 1, 11.00) aborda conceitos como o de território, fronteira, pertença e liberdade. A pensar no universo infantil, o músico e performer Fernando Mota faz uso de diferentes músicas e sonoridades africanas e do Médio Oriente e de instrumentos musicais construídos a partir de objectos e materiais simbólicos: de uma janela-harpa feita com arame farpado a um jogo de piões que nos transporta para um campo de batalha.
Por outro lado, Coexistimos (Sáb 31 e Dom 1, 16.00), de Inês Campos, é sobre ser só um e querer ser tantos. “É um pouco como procurar o anjo e o diabo dentro de nós, através de quadros principalmente visuais”, revela Gonçalo Amorim. “É um espectáculo belíssimo do ponto de vista da execução plástica, mas também por causa da forma disruptiva como utiliza diferentes formatos.” Composta por dança, teatro, cinema, manipulação de objectos, arquitectura em movimento e vários artifícios, esta proposta apresenta-se como uma sucessão de ilusões, “num frenesim tão bom que parece magia”.
Para o ano, embora volte acompanhado por um FITEI para crescidos “reforçado”, este minifestival continuará a ser míni: “Nunca deverá crescer em demasia, para ser sempre muito cozy”, promete Gonçalo Amorim, que já está a pensar em programar também obras internacionais para os petizes viajarem além-fronteiras.
Teatro Helena Sá e Costa. Rua da Escola Normal, 39 (Porto). Sáb-Dom 11.00 (Mapa) e 16.00 (Coexistimos). 4€ (crianças até 14 anos) e 6€ (adultos), à venda no local.