Nem todas as cidades podem orgulhar-se da quantidade e da qualidade dos seus museus. Aqui existem em abundância para todos os gostos e épocas, da escultura à imprensa, do futebol à pintura... Por isso, visitar os melhores museus no Porto devia ser instituído como uma disciplina obrigatória nas escolas do país ou como programa não-facultativo aos fins-de-semana.
O que é a arte românica? O que é que a caracteriza? Porque é que há tanta presença deste estilo artístico junto dos rios Sousa, Douro e Tâmega?
Se fizer estas perguntas às pessoas que já visitaram alguns, ou até mesmo todos os 58 monumentos (entre mosteiros, igrejas, pontes, castelos e torres) que compõem a Rota do Românico, muitas não saberão responder. Para ajudar a esclarecer estas questões, no dia 27 de Setembro, abriu em Lousada o Centro Interpretativo do Românico.
Segundo Rosário Machado, actual directora da Rota, o centro é já um projecto antigo, que surgiu da necessidade de dar a conhecer aos visitantes, de uma forma mais aprofundada, o que simbolizam os monumentos que visitavam.
O edifício imponente que se ergueu na Praça das Pocinhas – contemporâneo, mas que não deixa de beber das linhas características do Românico, como o arco de volta perfeita, as abóbadas e as coberturas de duas águas – alberga um conjunto de salas que explicam, de forma simples e interactiva, este estilo.
Há, por exemplo, um espaço dedicado ao território e à formação de Portugal, no qual é esclarecida a ligação do início da nacionalidade portuguesa à região e ao seu património arquitectónico. Fala-se das famílias nobres que aqui residiram e que ajudaram os primeiros reis na Reconquista Cristã do território, mas também do clero e das ordens religiosas. Estes, em muitos casos, foram responsáveis pela fixação das populações, daí a elevada concentração, num espaço reduzido, de tantas igrejas e mosteiros.
A sala sobre a Sociedade Medieval debruça-se sobre a parte humana, ou seja, sobre como esta sociedade estava organizada, enquanto a do Românico mostra este estilo nas suas diferentes expressões, da arquitectura à pintura, passando pelas iluminuras.
Há ainda uma sala dedicada aos construtores do património e uma outra sobre a simbologia e a cor do Românico.
Por último, há ainda um espaço dedicado aos monumentos ao longo do tempo. Aqui vai poder perceber as alterações que as construções românicas foram sofrendo com a passagem dos séculos. “Têm mil anos e conseguem ser uma enciclopédia de História de Arte, porque vão recebendo influências de vários estilos”, conta Rosário Machado.
Além das exposições fixas, o Centro Interpretativo do Românico, que pode ser visitado de terça-feira a domingo, entre as 10.00 e as 19.00, quer receber outras actividades, como exposições temporárias e concertos, para que este “seja um espaço de vida”, que apele à participação da comunidade, remata.