Os apreciadores da estética wagneriana mas que engalinham com valquírias ululantes e deuses nórdicos em crise de meia-idade entregues a monólogos de 20 minutos, lamentam que Wagner tenha devotado a vida à ópera e pouco ou nada tenha deixado de música instrumental. Há quem recomende, como sucedâneo para as sinfonias-nunca-compostas de Wagner, as sinfonias de Anton Bruckner, que a Casa da Música está este ano a apresentar na íntegra, mas a verdade é que, embora este venerasse Wagner, construiu um universo sonoro próprio. O mais próximo que o compositor austríaco esteve de Wagner foi na Sinfonia n.º 3, dedicada ao autor de Tristão. Foi composta em 1872-73, revista em 1876, estreada com fraca recepção em 1877 e novamente revista em 1878 e em 1888-89, e inclui, sobretudo na 1.ª versão, citações wagnerianas. O programa deste concerto da Orquestra Sinfónica, com direcção de Baldur Brönnimann, emparelha a n.º 3 de Bruckner com a estreia de duas obras encomendadas pela Casa da Música: uma de Gonçalo Gato e o Concerto para violino de Georg Friedrich Haas, em que é solista Miranda Cuckson (na foto).
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