O facto de em 1945 a República Checa (então Checoslováquia) ter sido englobada na esfera de influência soviética, converteu-a, no imaginário da Europa Ocidental, num “país de Leste”, quando, na verdade, toda a história anterior dos checos fora parte integrante da história da Europa Central. Desses vínculos dá conta o programa deste concerto da Orquestra Sinfónica do Porto, com direcção de Joseph Swensen, que acopla a Sinfonia n.º 7 do checo Antonín Dvorák à Abertura da ópera Don Giovanni e à Sinfonia n.º 38 Praga de Mozart.
Tal como a fama de Dvorák extravasou as fronteiras do seu país e levou a que fosse convidado a compor para instituições britânicas e a apresentar-se na Grã-Bretanha – foi o caso da Sinfonia n.º 7, estreada em Londres em 1885, sob a batuta do compositor – também houve músicos do universo austro-germânico que foram mais acarinhados pelo público checo do que no seu país natal. Foi o caso de Mozart, cuja ópera Le Nozze di Figaro foi tão bem recebida em Praga que o compositor foi convidado a visitar a cidade checa no Inverno de 1786-87, ocasião em que estreou a Sinfonia n.º 38.