Ao contrário de outras obras-primas, como a Missa em si menor, de Bach, que tardaram a obter reconhecimento, a oratória Messiah de Handel goza de sucesso ininterrupto há 276 anos. A estreia, em Dublin, em 1742, foi tão concorrida que nas récitas seguintes a organização se viu forçada a pedir às damas que prescindissem das armações dos vestidos e aos cavalheiros que deixassem a espada em casa, de forma a poder acomodar mais espectadores. Perante tal recepção, Handel pôs termo à produção de óperas, cujos resultados financeiros tinham oscilado entre o periclitante e o ruinoso, e consagrou-se a tempo inteiro às oratórias.
Nos nossos dias, a justa fama de Messiah acaba por deixar na sombra as restantes 28 oratórias de Handel, e não há coro e orquestra que não a toque e grave. Nesta ocasião será confiada a especialistas em música barroca, o coro Capella Amsterdam e a Orchestra of the 18th Century (fundada em 1981 por Frans Brüggen, que a dirigiu até à sua morte em 2014) e por Daniel Reuss, maestro com sólido currículo na música coral. Esta apresentação tem a particularidade de abrir a participação a cantores amadores talentosos, reunidos no Coro Comunitário.