O processo de criação artística é tortuoso e enigmático. Mozart compôs algumas das suas obras mais luminosas nos seus momentos mais desesperançados, quando a sua popularidade era uma sombra do que fora e estava crivado de dívidas. Mahler compôs a mais sinistra das suas sinfonias – a n.º 6, conhecida como “Trágica”, embora não seja certo que o compositor alguma vez a tenha assim denominado – em 1903-4, no período mais feliz da sua vida: casara-se recentemente com a jovem Alma Schindler, a vida conjugal era um mar de rosas, tinham nascido ao casal duas meninas, as carreiras de maestro (à frente da Hofoper de Viena) e compositor estavam em ascensão. E, todavia, a Sinfonia n.º 6 é uma obra atormentada, que desemboca em “três golpes do martelo do destino”, que põem fim a toda a esperança. Quando a n.º 6 estreou, sob a direcção do compositor, em Essen, a 27 de Maio de 1906, ainda tudo corria a favor de Mahler, mas no ano seguinte abater-se-iam sobre ele os golpes brutais que a sua música prefigurara. Nesta ocasião, a interpretação é da Orquestra Sinfónica (na foto), com direcção de Michael Sanderling. No domingo 16 são apresentados excertos da sinfonia, num concerto comentado por Daniel Moreira.
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