Maria Beraldo ousou a maior das liberdades: a liberdade de ser ela própria. Cavala existe porque Maria Beraldo existe. Porque não quer ser apagada, invisibilizada. Precisou de afirmar a sua sexualidade para não ser engolida pela heteronormatividade, porque a mulher lésbica raramente é a protagonista poética nas canções.
A cantora, compositora e clarinetista já colaborou com nomes como Elza Soares, Arrigo Barnabé e Quartabê. Chega a este álbum de estreia carregada de identidade e força. Cavala é um disco com estruturas concisas. Curto mas suculento, minimalista mas potente. Na rudeza do ruído de uma guitarra ou nas teias da electrónica, são canções de arestas experimentais e contracurvas melódicas. Ecoam instintos selvagens e indomáveis. A sua música tem o fervor de quem sente prazer sem pudores nem preconceitos. Canta a descoberta da sexualidade, presta homenagem às matriarcas da sua vida e incentiva cada mulher a aceitar e se apoderar do seu próprio corpo. A sua arte é capaz de revolucionar e emocionar. Íntima, mas tão universal. Através dela, outras pessoas se sentirão mais livres.