Quem é a personagem descrita nos seis quadros do poema sinfónico Uma Vida de Herói (Ein Heldenleben)? Dificilmente o saberemos, já que o seu autor, Richard Strauss, deixou pistas vagas e contraditórias. Numa ocasião, Strauss declarou que a obra não retratava “uma figura história particular, antes uma ideia genérica de heroísmo viril”; por outro lado, a auto-homenagem não seria de estranhar em alguém tão narcísico quanto Strauss.
Os adeptos da teoria de que se trata de uma autobiografia apontam as numerosas citações dos sete poemas sinfónicos anteriores que enxameiam a partitura e o facto de, embora esta tivesse por dedicatário o maestro Willem Mengelberg, Strauss ter dirigido a sua estreia. Os que defendem esta tese vêem no segundo quadro, “Os Adversários do Herói”, uma sátira aos críticos musicais e, no terceiro quadro, “A Companheira do Herói”, um terno retrato da sua esposa, Pauline.
O programa da Orquestra Sinfónica, com direcção de Joseph Swensen (na foto), emparelha Uma Vida de Herói com a Sinfonia n.º 29, que é uma das mais inspiradas obras da juventude de Mozart.