A entrada sobre George Russell (1923-2009) na Jazz Encyclopedia de Richard Cook termina manifestando estranheza por a obra deste compositor raramente ser debatida ou tocada, um olvido que a Orquestra Jazz de Matosinhos e o maestro Pedro Guedes tentam agora reparar com um programa de composições de Russell.
Russell teria talvez gostado de ficar na história por ter criado o Conceito Lídio Cromático de Organização Tonal, exposto pela primeira vez ao mundo no livro homónimo de 1953, mas enquanto alguns músicos e musicólogos lhe deram uso e desenvolvimento, outros menorizaram-no como “um discurso incrivelmente pomposo, sobrecarregado de jargão”.
Talvez mais relevante do que o polémico Conceito Lídio Cromático sejam os nove álbuns que Russell gravou, dirigindo, a partir do piano, um ensemble de jazzmen escolhidos a dedo, na viragem dos anos 50-60, cuja frescura e pertinência os fazem prevalecer sobre os seus namoros com a música concreta e experimental e as suas big bands das décadas de 70 e 80. Para esta revisitação de Russell, a Orquestra tem como convidados João Paulo Esteves da Silva (piano) e Andy Sheppard (sax), que fez parte da orquestra de Russell nos anos 80.