Muito do jazz vocal de hoje vive da recriação dos meados do século passado, mas a comparação com os gigantes de outrora torna confrangedoramente evidente a estatura franzina de muitos dos seus émulos de agora, alguns dos quais foram dotados pela natureza de um aparelho vocal asténico e periclitante sentido de afinação. Não é o caso da australiana Sarah McKenzie, possuidora de voz calorosa e flexível e que aborda o repertório clássico do jazz com segurança e graciosidade (e que é também desenvolta pianista). Após dois discos que passaram despercebidos – Dont’ Tempt Me (2011) e Close Your Eyes (2012) – McKenzie assinou pela Impulse!, editora com nobres pergaminhos e projecção internacional, o que fez com que o seu terceiro álbum, We Could Be Lovers (2014), lhe granjeasse a atenção do mundo do jazz.
Paris in the Rain (2017), segundo disco na Impulse!, segue alinhado anterior, misturando standards bem conhecidos – “Tea for Two", "I'm Old Fashioned", "Embraceable You", "Day In Day Out" - com composições de sua lavra. É este o disco - que não traz nada de novo, mas que não coloca um pé em falso - que McKenzie agora apresenta no Porto.