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Uma bienal de causas, "que não é só mais uma", e que volta a estar de olhos postos no mundo, com 51 exposições e a participação de mais de 250 artistas. Será assim a sexta edição da Bienal Internacional de Arte de Gaia, que regressa à Quinta da Fiação de Lever entre 5 de Abril e 12 de Julho e assinala dez anos de existência. Este ano, o desafio é pensar temas sociais que marcam os dias de hoje, através de várias formas de arte, como a pintura, a escultura e a fotografia.
“Será a nossa maior bienal de sempre. É uma bienal que dialoga com várias instituições, que se preocupa com os outros, que convida e que notifica os artistas a desenvolverem temas sociais. Esta manifestação faz cada vez mais sentido nos dias de hoje, num mundo em guerra. É importante que a arte tenha um papel fundamental e que os artistas consigam exteriorizar as suas emoções, angústias, medos e transformá-los em objectos artísticos. A arte tem de ser uma espécie de terapia para contrariar e equilibrar o mundo”, refere Agostinho Santos, director da cooperativa cultural Artistas de Gaia e da Bienal de Gaia. A sexta edição do evento foi apresentada esta quinta-feira na Casa Museu Teixeira Lopes.
Nas 51 exposições programadas (25 colectivas e 26 individuais), haverá um foco relacionado com temas sociais, onde se destacam trabalhos de artistas como Alexandre Rola, Brigitte Szenczi e Juan Antonio Mañas, Domingos Loureiro, Emerenciano, Gonçalo Alves, Henrique do Vale, Jaime Silva, Paulo Robalo, Rosa Godinho e Rui Carvalho. Do Brasil chega Constança Lucas e Sérgio Lemos e da Galiza vem Tino Canicoba. O evento arranca no dia 5 de Abril, às 16.00, seguindo-se uma intervenção do médico e investigador Manuel Sobrinho Simões, que vai falar sobre a relação da arte e da ciência.
Este ano, o artista homenageado é Lagoa Henriques, escultor português com obras espalhadas por vários museus do país. Parte do seu espólio vai estar em exposição vindo directamente da Faculdade de Belas Artes de Lisboa. “Conseguimos que, pela primeira vez em Portugal, sejam expostas algumas obras que são totalmente inéditas. Vamos ter dezenas de desenhos e de esculturas do Lagoa Henriques que, de facto, foi o mestre dos mestres”.
Um dos destaques desta edição são também as exposições de livros de artista, com um conjunto de obras de Agostinho Santos, Agostin Antan (Galiza), Belmiro Belém, Celeste Ferreira, Evelina Oliveira, Miguel Carvalho, Nazaré Álvares, Raúl Valverde, Rui Costa, Rui da Graça e Valter Hugo Mãe. Haverá ainda uma exposição colectiva.
A comemoração da liberdade e o regresso de um histórico
O concurso do Grande Prémio da Bienal deste ano contou com 162 candidatos vindos de todo o mundo. O evento contará com 14 polos expositivos espalhados por Baião, Esposende, Ferrol (Galiza/Espanha), Funchal, Lisboa (na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), Macedo de Cavaleiros, Oliveira do Hospital, Paços de Ferreira, Paredes, Peso da Régua, Póvoa de Varzim, Sertã, Viana do Castelo e Viseu. “O grande objectivo é continuar a levar a arte de Gaia a vários pontos do país”, assegura Agostinho Santos.
Outra das novidades desta edição é uma exposição com obras do Porto Cartoon - World Festival, evento extinto há alguns anos e que vai contar agora com uma exposição em Vila Nova de Gaia, numa parceria com o Museu Nacional da Imprensa. Os artistas que fizeram parte das edições deste certame foram convidados a abordar questões relacionadas com intervenção social.
Na programação destacam-se ainda exposições colectivas, como "Bandeiras pela Paz", com o Conselho Português para a Paz e Cooperação; uma exposição com artistas espanhóis e ainda a continuação da comemoração dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, com um desafio lançado aos alunos das escolas da Área Metropolitana do Porto, para elaborarem obras sobre a liberdade. Haverá ainda uma maratona com vários artistas que vão estar a fazer arte durante 50 horas ininterruptas.
A Bienal de Gaia termina a 12 de Julho, mas não se fica por esta data. Nesse mesmo dia será inaugurada a exposição “Gabinete de Curiosidades/Museu de Causas”, com uma colecção particular baseada essencialmente em trabalhos de antigos alunos e professores da Universidade do Porto. “Vão lá estar documentos importantíssimos, não só de pessoas ligadas às Belas Artes, mas também de pessoas ligadas a outras faculdades. Vamos lá ter manuscritos, algumas raridades, e, naturalmente, vamos ter desenho e pintura”, refere Agostinho Santos.
A Bienal Internacional de Arte de Gaia volta a ter o apoio da Câmara Municipal de Gaia, num orçamento que este ano alcançou os 200 mil euros. A programação completa será divulgada em breve.
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