[title]
Quase todo o mundo concorda: André 3000 é (foi?) um dos melhores e mais visionários rappers da história. Mas os seus interesses sempre foram muito além do hip-hop. Isso sentia-se nos primeiros discos dos OutKast, o seu duo com o rapper Big Boi; e ficou ainda mais óbvio na sua metade de Speakerboxxx/The Love Below (2003), o seminal duplo CD da dupla. Ainda assim, nada nos tinha preparado para New Blue Sun, do ano passado, o seu primeiro álbum a solo, que se vai ouvir ao vivo em Portugal pela primeira vez no Vodafone Paredes de Coura, algures entre 14 e 17 de Agosto.
Ainda não se sabe em qual dos dias do festival vai tocar André 3000, mas sabe-se que é mesmo isso que vem fazer: tocar e não rimar ou cantar. Sobretudo flautas, várias, talvez electrónicas, provavelmente acompanhado por alguns dos músicos que o acompanharam no álbum de estreia a solo, gravado com Carlos Niño e outros músicos com ligações ao jazz e ao experimentalismo. Um épico de 88 minutos em que o jazz, a new age, a música ambiental e a electro-acústica se esbatem.
Os títulos das faixas, por si só, são todo um programa. Abre com "I Swear, I Really Wanted to Make a 'Rap' Album but This Is Literally the Way the Wind Blew Me This Time" e termina com "Dreams Once Buried Beneath the Dungeon Floor Slowly Sprout into Undying Gardens", numa alusão assumida à Dungeon Family, o colectivo de Atlanta, no estado norte-americano da Geórgia, de onde brotaram os OutKast e inúmeros outros artistas. Pelo meio, há outros pequenos épicos como "The Slang Word P(*)ssy Rolls Off the Tongue with Far Better Ease Than the Proper Word Vagina. Do You Agree?" ou "Ghandi, Dalai Lama, Your Lord & Savior J.C. / Bundy, Jeffrey Dahmer, and John Wayne Gacy".
Todos os caminhos vão dar a Paredes de Coura
A delirante new age de André 3000 é apenas uma das correntes musicais que desaguam junto à praia fluvial do Taboão em Agosto, durante o Vodafone Paredes de Coura. O indie rock encontra-se em destaque, como é costume. E há desde nomes históricos – como The Jesus and Mary Chain, Sleater-Kinney, Slowdive ou Cat Power – a promessas e certezas actuais do género, incluindo os IDLES, Bar Italia ou Wednesday. Mas também há espaço para o hip-hop de Killer Mike, companheiro dos OutKast na Dungeon Family, e o afrofuturismo do britânico Sampha, os blues do deserto de Mdou Moctar ou, por exemplo, as electrónicas dos portugueses Branko e Moullinex △ GPU Panic.
Os passes para o festival já se encontram à venda online e nos locais habituais, e têm um preço de 120€ (mais custos de distribuições), com acesso ao campismo. Além destes passes, vai haver bilhetes diários à venda a partir das 10.00 desta terça-feira, dia 19, por 60€ (mais taxas). É provável que, entretanto, se conheça também a distribuição dos artistas pelos quatro dias desta edição.
Paredes de Coura. 14-17 Ago (Qua-Sáb). 60€-120€
+ Nelly Furtado está a tentar relançar a carreira. E vem cantar a Serralves
+ Queens of the Stone Age são a primeira confirmação para Vilar de Mouros