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Há mais de vinte anos que Hélder Gonçalves e Alexandra Carneiro trabalham na indústria têxtil, ou não fossem donos de um par de fábricas em Paços de Ferreira, onde produzem várias para algumas conceituadas marcas internacionais. Depois de tanta experiência ganha no ramo, por volta de 2016, decidiram colocar os tecidos às costas e partir numa nova aventura: criar uma marca própria, a A LINE, que ganhou agora um espaço físico, na Rua de Miguel Bombarda.
Sabemos que a sustentabilidade é uma tendência em crescendo, mas Hélder assegura que, no caso da A LINE, a preocupação com o impacto da moda no meio ambiente é algo que corre nas veias. “Esta é apenas a nossa maneira de ser e de trabalhar, não mudamos nada no nosso método aquando da criação da marca”, afirma o responsável, sublinhando o que diz ser a verdadeira base do negócio – uma verdadeira paixão “pelo bom gosto, pela qualidade e intemporalidade”.
O cuidado colocado nas peças de roupa transita harmoniosamente para a loja física: um cantinho quase no final do Bairro das Artes portuense, onde tudo foi bem pensado ao detalhe, de uma ponta à outra. “Nota o cheiro agradável? Foi feito propositadamente para a loja, com notas seleccionadas por nós”, conta Hélder. Para além de cheirosa, o objectivo é que fosse também aconchegante, elegante e “directa ao assunto”. Mal entramos, somos recebidos com a totalidade das peças, expostas em meia-lua, ao longo das paredes da loja, para além de alguns extras – os pijamas – na mesa de centro.
A maneira como a A LINE se apresenta é precisamente essa: com o foco na qualidade e não quantidade. “No meio de tanta fast fashion – peças que se usam quatro ou cinco vezes e lixo –, queremos trazer de volta a atenção à qualidade das peças, aquelas que nos lembramos de durarem uma vida”, relata.
E como é que esta marca, detentora do certificado de sustentabilidade Business Council for Sustainable Development, o faz? Segundo Hélder, começa bem lá atrás, nas condições de trabalho e no gosto pessoal dos funcionários pela arte do corta e cose. Depois, os materiais: o algodão, o linho, a ganga e o cetim – os mais usados pela marca – são conseguidos, se não em território nacional, em Espanha, recorrendo o menos possível a deslocações. Passa-se, posteriormente, para o design das peças, claro – um trabalho minucioso por parte da pequena equipa da A LINE, liderada por Alexandra Carneiro.
Dedicados apenas à moda feminina, Hélder conta-nos que é, por vezes, complicado desenhar coleções no contexto actual das tendências que tão rápido vêm e vão. “Priorizamos sempre a intemporalidade das peças, mas mantemos o olho no mercado e adaptamo-nos de acordo com a procura”. No expositor em meia-lua, encontramos vários exemplos dessa atemporalidade: as camisas, especialidade da casa, surgem nas cores e padrões clássicos: branco, azul, preto e riscas (75€-160€), mas os seus diferentes cortes e feitios – o modelo boxy (135€), ou o boyfriend (125€), por exemplo – revelam experiência em modelagem. Há vestidos de cetim clássicos (235€), mas também os mais arrojados see-through (200€) e com manga-balão (250€).
É justamente nessa direcção que Hélder e a mulher pretendem levar as próximas colecções da A LINE. “Queremos sair um pouco dos moldes clássicos e guiar as colecções seguintes por um caminho mais audacioso e dinâmico”. Mas o objetivo final será sempre o mesmo: fabricar peças pensadas para o conforto diário da mulher moderna, que possam passar de mãe para filha. “Mesmo no caso de estragos, temos um programa de longevidade caso a caso. Se as peças não puderem ser restauradas, reciclamo-las e o cliente recebe um desconto na próxima compra”, revela Hélder. E acescenta: "Aqui tudo se aproveita."
Para além do online e da nova loja física, a A LINE pode ser apenas encontrada nas lojas The Feeting Room, tanto em Lisboa como no Porto (na Labels of Tomorrow).
Rua de Miguel Bombarda, 519. Ter-Sáb 10.00-19.00
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