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Quem não conhece Siza Vieira ou Souto de Moura, os dois prémios Pritzker portugueses (o chamado “Nobel da arquitectura”)? Os seus edifícios premiados foram construídos pedra sobre pedra, mas agora há um digital por onde quem quer aprofundar os conhecimentos sobre arquitectura pode cirandar. É a Casa da Arquitectura - Centro Português de Arquitectura a abraçar a globalização.
O Edifício Digital junta três plataformas online e temáticas. No primeiro piso encontra-se a Loja da Casa, onde pode encomendar peças de autor, como o Candeeiro Boa Nova I, desenhado em 1991 por Siza Vieira; o segundo piso é dedicado ao Arquivo, entre fundos e colecções, arquitectos, projectos, maquetes, exposições e eventos passados; e no terceiro mora a própria Casa da Arquitectura, com informação sobre as actividades onde o público pode participar, mas nas instalações de carne e osso, localizadas em Matosinhos, desde 2017. Ano em que as ruínas do quarteirão da Real Companhia Vinícola foram convertidas neste espaço de cultura que agora ganhou uma nova dimensão.
Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça ou os brasileiros Paulo Mendes da Rocha e Lúcio Costa são alguns dos muitos arquitectos cujos espólios e acervos foram digitalizados para ocupar o segundo piso deste Edifício Digital, um trabalho sempre em construção, como explica à Time Out Nuno Sampaio, arquitecto e o diretor-executivo da Casa da Arquitectura: “É um trabalho que nunca termina, estamos sempre a fazer upload de documentos, com entrevistas, filmes ou documentos que ajudam a perceber o processo criativo da arquitectura.” Nuno Sampaio acredita que “existe uma valorização do arquitecto que não corresponde à valorização da arquitectura”, defendendo que é necessário “criar uma ideia colectiva sobre a arquitectura”, para que a sociedade a entenda como um saber que contribui para a felicidade individual e colectiva.
Outro objectivo é promover a investigação em torno da arquitectura, com a ajuda deste Edifício Digital que é bilíngue (fala português e inglês) e pode ser acedido em qualquer ponto do planeta com acesso à Internet. "É um enorme passo no sentido da democratização do acesso ao legado de alguns dos nomes mais proeminentes da arquitetura contemporânea nacional e internacional e uma oportunidade ímpar para o estudo e investigação académica destes autores e do seu trabalho a partir de qualquer lado do mundo”, sublinha a Casa da Arquitectura num comunicado enviado às redacções.
Estudantes, profissionais, investigadores, arquitectos e instituições académicas e culturais de todo o mundo passam assim a ter a porta aberta para um grande manancial de informação. Só para ter uma ideia do potencial deste Edifício Digital, a Casa da Arquitectura tem 11 acervos ao seu cuidado e três colecções de arquitectura, num total de cerca de 2000 projectos de 230 arquitectos, autores e doadores. O que se traduz em 25 mil peças desenhadas físicas, 30 mil multimédia, 1100 pastas de material textual, 850 maquetes e 1500 publicações, estando depositados na instituição cerca de 110 mil documentos digitais (entre desenhos, multimédia e textual) e 58 mil documentos físicos (desenhos, multimédia, textual, publicações, maquetes, entre outros). Materiais que estão conservados no arquivo físico desta casa e que vão sendo digitalizados. O Edifício Digital é ainda uma das peças fundamentais do também recentemente criado Centro de Estudos e Documentação da Casa da Arquitectura que edita e publica teses dedicadas aos acervos da Casa da Arquitectura, além de assegurar a atribuição de bolsas de estudo em parceria com as universidades portuguesas.
O acervo também serve exposições físicas da instituição e até 29 de Janeiro de 2023 pode visitar a exposição “Flashback / Carrilho da Graça”, que tem por base o acervo relativo a mais de 40 anos de trabalho que o arquitecto aqui depositou, entre desenhos, filmes, maquetes e fotografias. Se estiver com vagar, pode sempre navegar pelas visitas virtuais a exposições que já saíram de cena, como “Souto Moura - Memória, Projectos, Obras”, “Radar Veneza – Arquitetos Portugueses na Bienal. 1975-2021”, “Arquigrafias – Guido Guidi e Álvaro Siza” ou mesmo fazer uma visita ao próprio Arquivo da Casa, que não costuma ter a porta aberta a estranhos ao serviço.
Casa da Arquitectura. Avenida Menéres, 456 (Matosinhos). Ter-Sex 10.00-19.00, Sáb-Dom 10.00-20.00. Bilhete normal: 8€. Edifício Digital: casadaarquitectura.pt
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