[title]
O mobiliário do quarto de uma criança pode influenciar o seu desenvolvimento e os interesses que desenvolve na hora da brincadeira ou da sesta, por exemplo. A pensar nisso, nasce a Alata, uma marca de mobiliário infantil 100% portuguesa e com inspiração em Montessori, que quer dar às crianças autonomia e envolvê-las no espaço onde se movem com coisas tão simples como estantes para os livros, o ponto de partida da marca.
Rodear os miúdos de brinquedos de toda a espécie, e de estantes cheias de livros até ao tutano, não ajuda no seu desenvolvimento. Pelo contrário – o excesso de informação trava o foco e promove a falta de atenção das crianças ao que as rodeia. Nada é suficiente, tudo é distracção. E Joana Soares, mãe de dois rapazes pequenos, teve a prova disso na hora de os despertar para o hábito da leitura.
A Alata viu a luz do dia há pouco mais de um mês, apesar de a ideia ter começado a fermentar na cabeça de Joana e do marido Frederico ainda durante o primeiro confinamento. Com um filho de três anos e um recém-nascido, o casal começou a procurar outros métodos educativos para as crianças e foi aí que apareceu a metodologia Montessori, “que olha para as crianças de forma natural, com tudo adaptado às suas capacidades e onde tudo é aceitável e só precisamos de dar resposta às necessidades”, conta Joana.
A paixão por livros deste casal não era correspondida pelo filho mais velho, e estava difícil de impor essa rotina à criança até terem descoberto as estantes de arrumação frontal. Encomendaram-na da Polónia – por cá nada havia deste género – e fizeram o teste, uma vez que as estantes ditas “normais” expõem os livros pela lombada e as crianças que estão numa fase pré-literária não têm capacidade para escolher o livro sem ver a capa e acabam a cair na repetição de livros que já conhecem.
“A estante que começou a mostrar meia dúzia de livros e as ilustrações veio mudar tudo nos hábitos de leitura. Ele passou a notar quando rodávamos os livros, começou a olhar de facto para eles”, diz Joana. “Também é preciso saber adaptar os livros à fase de crescimento da criança, e nisso as livrarias independentes são as melhores amigas.”
O casal começou a trocar impressões com Sofia, a viver em Macau, mãe de uma criança e apaixonada pelos processos educativos dos mais pequenos, e plantaram a semente para aquilo que viria a ser a Alata.
Com o confinamento os trabalhos começaram a ficar mais frágeis e o casal já tinha vontade de se mudar para o campo e “fazer algo de forma mais independente”. Acabou por ser um curso de marcenaria que os conduziu depois ao maravilhoso mundo de criar uma marca própria.
“Gostámos muito de trabalhar a madeira, percebemos com a história da estante que havia aqui uma falha de mercado e como começámos a estar tão envolvidos na temática da educação decidimos que podíamos ajudar outros pais com coisas tão simples como mudanças no mobiliário infantil”, explica Joana.
Posto isto, Joana, Frederico e Sofia trataram de materializar as ideias num catálogo de produtos simples, com madeiras sustentáveis e cuja montagem é de encaixe, sem recurso a parafuso. Tudo construído à escala das crianças, para que sejam autónomas em cada brincadeira.
Para já, a Alata disponibiliza duas gamas distintas: a Bokkie e a Krakki. Os nomes são peculiares e têm história por detrás – as gamas são nomeadas com a palavra “criança” numa das 7117 línguas do planeta, sendo que Bokkie é afrikaans e Krakki em islandês.
A particularidade é mesmo a disposição dos livros que nestas estantes passa a ser frontal, para que as crianças vejam o que têm e sejam estimuladas por isso. Esta apresentação limita também o número de livros expostos, que também devem ter uma rotatividade regular.
A Bookbin Bokkie (155€) é recomendada para miúdos mais pequenos, por ser mais baixa, mas tem a sua evolução na estante Bokkie (205€) já mais alta e com mais espaço. A estante Krakki (435€) permite já a arrumação dos livros em lombada com espaço para alguns em exposição frontal.
“Para a evolução dos miúdos é importante que eles não tenham demasiadas coisas à disposição, pretende-se que eles aprendam e cresçam com o que têm disponível e isso somos nós que escolhemos, temos mão nesse assunto e funciona com brinquedos e com livros, por exemplo”, explica Joana. “Como têm sempre tudo à disposição e arrumado de determinada forma eles não se focam.”
Uma das peças chave deste método é fazer rotação de brinquedos, gerar novos estímulos provocados por pequenas mudanças, exercício a que estas estantes ajudam. O filho mais novo de Frederico e Joana já cresceu com estas mudanças, e a diferença em relação ao irmão é notável. “A atitude do mais pequeno para com os livros é completamente diferente, ele próprio já é autónomo e vai buscar os livros desde que começou a mexer-se”, conta. “O importante é que cada pai vá ajustando também os livros à própria estimulação sensorial das crianças desde que nascem até irem crescendo.”
Em breve serão lançadas as estantes de actividades, também das gamas Bokkie (205€) e Krakki (345€ ou 385€), cada uma à sua maneira com linhas simples e naturais e com um objectivo claro: o de expor de forma limitada os brinquedos das crianças.
Esses mesmos brinquedos devem também ter rotatividade e “ser escolhidos consoante a fase em que a criança se encontra”, diz Joana. “Não podemos querer estimular uma criança de três ou quatro anos com brinquedos de bebé, por exemplo.” As estantes de actividades e a sua apresentação permitem que as próprias crianças possam repor a ordem depois de cada utilização.
Não só as estantes importam, também o conteúdo é factor de desenvolvimento dos mais novos, motivo que levou este trio a ir além do mobiliário. Quem comprar uma estante na Alata recebe um bónus de 15% de desconto na compra de livros durante um ano. Sim, porque no site da marca é possível encontrar uma selecção especial de livros infantis escolhidos a dedo para as várias fases das crianças, de editoras como a Orfeu Mini, Kalandraka, Planeta Tangerina ou Fábula. Os pais que não saibam quais os melhores livros para os seus rebentos podem sempre pedir aconselhamento também neste campo.
Neste momento a marca fabrica em Portugal com madeiras sustentáveis de florestas portuguesas, mas o fundamental, diz Joana, é que “se apoiem os pequenos negócios, que os materiais sejam sustentáveis de florestas certificadas e que os produtores se mantenham fiéis às raízes”.
+ Descubra a edição desta semana, digital e gratuita, da Time Out Portugal
Continua apaixonado pelo Porto? Participe no Time Out Index e conte-nos o que sente pela sua cidade