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As peças de Beatriz Cabral são jóias que florescem nos campos

Criou as primeiras peças no Verão passado, um trabalho de paciência, tentativa e erro, que envolve secagem e preservação em resina. Do Douro para o Instagram, a Bleur traz a natureza para mais perto.

Mauro Gonçalves
Escrito por
Mauro Gonçalves
Editor Executivo, Time Out Lisboa
Bleur
DR
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A rigidez e a resistência da resina incolor, mas com a frescura e delicadeza das flores preservadas, como se tivessem sido acabadas de colher. No último Verão, Beatriz Cabral lançou-se à aventura e das flores coleccionadas fez anéis, brincos e colares. Alguma da matéria-prima cresce livremente em campos e encostas do Douro. Outras espécies, mais exóticas, exigem uma logística mais complexa. No final, todas se convertem em objectos para usar junto ao corpo.

"A Bleur não surge do nada. Acho que sempre tive algum interesse e vontade de explorar o meu lado mais criativo. Lembro-me de, em miúda, ser fascinada por vídeos de DIY", explica Beatriz, de 30 anos, formada na área da comunicação. E o do it yourself (ou faça você mesmo) foi realmente a forma de arrancar este projecto a título individual.

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Habituada a ver flores colhidas, secas e prensadas, Beatriz começou por se deixar levar pela curiosidade. E se em vez de preservadas a duas dimensões, as flores mantivessem a tridimensionalidade – bem como as cores e a forma – que têm no seu habitat natural. "Dá um pouco mais de trabalho e nem sempre corre tudo bem", admite. O resultado está à vista naquela que é a principal montra da Bleur, o Instagram.

Salta à vista o hipericão, flor silvestre colhida perto de casa e que Beatriz descobriu por acaso. Amarela, olho e pétalas, tem sido aplicada a anéis e colares (com fio de couro). Branca e simples, a Laranjeira do México também tem sido uma das favoritas. No entanto, não há espécie que ofusque a orquídea, a flor que mais encomendas tem rendido. A azul, em particular, tem sido a mais procurada desde o lançamento da marca. Os preços variam entre os 12€ e os 26€.

"Trabalho com flores verdadeiras, que são sempre diferentes. Então, cada peça é única. Mas gosto dessa imprevisibilidade", continua. Além de serem todas diferentes, o próprio processo tem ensinado Beatriz a lidar com o erro e com a frustração. Flores e resina podem ser uma combinação difícil de antecipar. À equação é preciso juntar a sazonalidade das espécies locais, o que faz com que a estação que agora se avizinha seja especialmente entusiasmante. Dentro de poucas semanas, a Bleur vai viver a sua primeira Primavera.

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"Não posso competir com marcas e preços de fast fashion, mas gostava que as pessoas valorizassem o processo e lhe reconhecessem o valor de uma peça que é feita de uma outra forma." A porta está aberta a outras possibilidades. Depois do sucesso das pequenas malagueta preservadas em resina, a Bleur pode muito bem passar do jardim para a horta e explorar o mundo das frutas desidratadas.

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