[title]
Belén e Berta são actrizes. Mas também as personagens de Autodefesa, a nova produção da Filmin que aterra no catálogo desta plataforma na próxima terça-feira, 21 de Março. Criada pelas actrizes Belén Barenys e Berta Prieto e pelo argumentista e músico Miguel Ángel Blanca, Autodefesa é uma série sobre duas amigas que vivem sem pedir licença, num dia-a-dia apimentado com excessos, entre festas, dramas, ressacas e ansiedade.
Muitas festas e drogas, muitas lágrimas e arrependimentos, mas também emancipação e poder. Em Autodefesa seguimos a vida de Berta e Belén (as actrizes mantiveram os nomes reais), duas amigas que partilham um pequeno apartamento em Barcelona e sentem que têm de aproveitar a vida ao máximo. No fundo, sofrem de FOMO (fear of missing out), que em português é algo como um medo de ficar de fora, de ser excluído, de perder o barco de alguma coisa, seja uma festa, uma tendência numa rede social, o que for. E que pode gerar uma grande ansiedade, um dos sentimentos mais explorados neste argumento escrito a seis mãos, no qual Berta e Belém são rainhas do seu próprio mundo, vivendo uma vida de boémia que ao mesmo tempo é uma legítima defesa, uma fuga para os receios de serem jovens adultas no mundo actual e descobrirem quem realmente são. A série é para maiores de 18, muito provavelmente por revelar alguma genitália, embora de forma natural e descomplexada, e um consumo um pouco descontrolado de estupefacientes.
No total, os dez episódios têm 166 minutos, um pouco menos que três horas. O que, em média, daria quase 17 minutos a cada um. Mas há alguns desequilíbrios, presumivelmente intencionais, na duração e também no estilo. O episódio mais longo tem 24 minutos e fala de um assunto que tem estado na ordem do dia: o assédio sexual no mundo da sétima arte, em particular de homens poderosos que se aproveitam das fragilidades de aspirantes a actrizes para levarem a sua avante. Mas Berta e Belém não são inocentes e rapidamente viram o bico ao prego. Sim, são rainhas do seu próprio mundo e não há ansiedade que as desarme. Por outro lado, o episódio mais curto, chamado “El Evangelio Según Berta y Belén” tem apenas cinco minutos e apresenta os mandamentos das duas amigas. Como este: "Sentir-se sozinha numa sexta à noite é a pior tortura. Por isso, farás tudo o que as pessoas sugerem para que te adorem e continuem a convidar para as festas."
Em todos os episódios, muda o design do genérico, por vezes também o design de produção, e não há um princípio, um meio e um fim. Não existe uma sequência cronológica ou narrativa entre os dez episódios, são sim apresentados dez fragmentos da vida, em comum e também em separado, de Berta e Belén. Explorar as inquietações de uma geração de uma forma mais crua não é um tema novo, já o vimos em Kids (1996), de Larry Clark, mas há questões específicas a cada geração, pelo que é um assunto que valerá a pena ir sendo revisitado. Neste caso, por pessoas que estão na mesma faixa etária das personagens que criam, numa trama que, imaginamos, poderá cruzar algumas linhas da ficção com a realidade, hiperbolizando, ainda assim, sentimentos e experiências.
Esta é a segunda série original da Filmin, após a comédia Doutor Portuondo (2021), e em Maio será lançada uma terceira produção com o selo Filmin, chamada Selftape, cujo registo poderá ter alguns pontos em comum com Autodefesa. Uma minissérie com algumas notas autobiográficas que acompanha duas actrizes que descobriram a fama ainda em crianças e que chegadas à casa dos 20 anos, procuram o seu espaço no mundo audiovisual e também na vida.
Filmin. Estreia dia 21 de Março
+ Filme sobre o Estrangulador de Boston destaca as jornalistas que lideraram a investigação
+ Nova produção de Star Wars vai ser parcialmente filmada na Madeira