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Talvez já tenha passado por ela sem reparar. Apesar de ter duas entradas, a Babel consegue passar despercebida e tudo isso é propositado. Aberto há quase quatro meses, o registo é descontraído e a comunicação ainda subtil. “Costumo dizer que ainda estamos numa espécie de soft opening”, revela Joana Ferreira, a gerente do espaço.
Mas quem dera a muitos um soft opening assim. Depois das 18.00, hora de abertura da zona de restaurante e bar, as mesas começam rapidamente a ficar completas. Quer seja o casal mais tímido nas laterais, o turista que se senta no bar à procura de uma boa conversa ou um grupo animado – aqui há lugar para tudo e todos. “Nós gostamos de ter a certeza que vai sempre alguém receber os clientes, quer seja eu, o staff ou até mesmo a Iolanda ou a Ana. O importante é fazer as pessoas sentirem-se em casa”, acrescenta Joana. E essa intenção não fica apenas pelo atendimento. “Nós queremos que jantar aqui seja como comer na casa dos avós”, revela Iolanda Lourinha, chefe de bar, acrescentando que por isso “é que os pratos e talheres são diferentes uns dos outros, por exemplo”.
Esse desejo de união e comunidade estende-se para lá do espaço e chega até aos fornecedores. As ligações e contactos que vêm apenas com muitos anos de experiência permitem a Ana Leão (ou Leoa) um forte cuidado com a origem dos alimentos – “um grande respeito pelo ingrediente”, nas suas palavras. O peixe, por exemplo, vem do Mercado de Matosinhos e os vegetais e frutas de produtores locais, já o pão ou é feito por si ou vem de padarias da zona.
E o que resulta dessa preocupação com o alimento? Muitas coisas boas e originais, com múltiplas inspirações. Os anos que Ana Leoa viveu na Austrália introduziram-na a inúmeras culturas e cozinhas diferentes, experiência que se traduz em tudo o que prepara na Babel. Mesmo os pratos portugueses, como as moelinhas (7€) e o arroz de marisco bisque disse (19€) têm “um twist” da chef. Num menu pensado para a partilha, destacam-se ainda outros pratos, como a focaccia com azeitonas (4€) caseira, que fica exposta no balcão como que a seduzir o cliente, e a abóbora pantufa (12€), um assado de abóbora com cominhos, labneh de limão e alho, avelãs e especiarias, acompanhado por salada de agrião e laranja.
E não se surpreenda se não encontrar nada disto numa ida futura ao restaurante: o menu é sazonal e está em constante mutação. Falta dizer que a Babel é um produto das mesmas mentes por detrás do Plano B – uma das discotecas mais populares da cidade. “Não forçamos a ligação ou a ida ao Plano B, mas se alguém pede uma recomendação para a noite, claro que sugerimos, até dizemos para virem connosco”, conta Joana Ferreira.
É neste espírito que a gerente partilha uma história do género, acerca do casal de músicos que esteve ali hospedado durante uma semana, por conta da sua actuação no espaço (e primeiro evento da Babel): Vito Ricci e Lise Vachon. “Criámos uma ligação tão boa com eles, que depois até fomos nós levá-los ao aeroporto”, revela.
As três preferem viver no momento e não colocar demasiado peso no futuro, mas ficam escritas nas estrelas promessas de mais eventos – concertos, showcookings, apresentações de livros – e novos sabores, tudo servido com muita simpatia. Porque o que interessa é a “celebração da vida”.
Rua dos Caldeireiros 100. 931 636 973. Qua-Dom 18.00-00.00
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