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Ken Loach vai-se reformar. Se o nome não lhe diz nada, não faz mal, mas aqui está uma boa oportunidade para se inteirar de alguns dos trabalhos mais marcantes do britânico que ao longo de décadas fez um cru retrato da sociedade do seu país. E quem já deve ter bilhete para viajar até ao Porto é Eduardo Williams, cineasta argentino que este ano estreia a sua longa-metragem El auge del humano 3 e que está a caminho da invicta para liderar um worskshop sobre os seus principais métodos de trabalho. Estas são as grandes novidades do mês de Maio, numa programação que prolonga alguns ciclos, sejam sobre cinema português ou sobre o trabalho de uma das mulheres mais bem-sucedidas do cinema: Jane Campion. E, se se sentir com energia, o desafio The Last Movies estará outra vez em cena, com uma maratona de 18 horas de muitos filmes e um prémio de resistência no final. Conheça os destaques da nova programação do Batalha Centro de Cinema.
Ken Loach: Planos de Resistência
Aos 87 anos, o cineasta britânico Ken Loach decidiu reformar-se. Uma razão mais do que válida para uma retrospectiva dedicada à sua obra, conhecida pelos duros retratos da pobreza e do lado mais marginal da sociedade do Reino Unido, numa série de produções marcadas pelo realismo social. Entre os vários prémios que recebeu ao longo da sua carreira, destacam-se duas Palmas de Ouro no Festival de Cannes e um Leão de Ouro no Festival de Veneza. O ciclo começa a 18 de Maio, prolongando-se até Novembro, num programa que, em Maio, é composto pelos filmes Poor Cow (1967), Kes (1969) e Up The Junction (1965).
Dias 18, 19, 22 e 26 de Maio. Bilhete: 5€
Ciclo Eduardo Williams
De Buenos Aires até ao Porto. O cineasta argentino Eduardo Williams vai marcar presença num ciclo dedicado à sua curta, mas já premiada obra, onde se destaca a estreia nacional da longa-metragem El auge del humano 3 (2023), exibida no Festival de Locarno, onde acompanhamos grupos de pessoas a vaguear por um mundo escuro e chuvoso, numa tentativa de fugir de deprimentes empregos, sem saber bem o que fazer com o seu tempo. O realizador estará não só nessa sessão, mas também num workshop onde promete falar sobre a sua obra e os seus métodos de trabalho, a 22 de Maio.
22 a 31 de Maio. Bilhete: 5€
Tesouros do Arquivo
Uma das maravilhas do cinema, é que podemos sempre voltar atrás e rever algumas das melhores jogadas da sétima arte. O ciclo Tesouros do Arquivo faz isso mesmo, propondo a revisitação (ou um olhar virgem) a algumas das últimas obras restauradas por laboratórios, arquivos e cinematecas. No mês de Maio, o Batalha apresenta duas produções “complementares” que, descreve o centro de cinema, “convidam à reflexão sobre as necessidades e dificuldades das diásporas africanas no final dos anos 60”. São eles Bushman (1971), de David Schiekele, sobre um jovem nigeriano que viaja para a Califórnia em busca de uma vida melhor, mas que é confrontando com o racismo numa sociedade supostamente progressista; e Mandabi (1968), de Ousmane Sembène, uma crítica social com humor à mistura, onde um homem pobre senegalês não consegue descontar um cheque enviado pelo sobrinho em Paris.
9 e 25 de Maio. Bilhete: 5€
The Last Movies
Esta maratona não é para fracos. A segunda edição do programa The Last Movies volta a desafiar os participantes a aguentarem uma sessão com 18 horas de filmes – e os que chegarem ao fim levam a taça. Ou melhor, acesso gratuito ao Batalha durante seis meses. The Last Movies é um programa “radical, surpreendente e talvez macabro”, descreve o centro de cinema, por uma razão muito simples: é composto pelos últimos filmes vistos por uma série de personalidades, neste caso F.W. Murnau, Yves Klein, John F. Kennedy, Lee Harvey Oswald, Betty Grable, Bernard Herrmann, Agatha Christie, Rainer Werner Fassbinder, Diana Spencer e Jean-Luc Godard. Na primeira edição, foram 131 os participantes, mas apenas 101 resistiram até ao fim.
4 de Maio. Bilhete: 12€
Seleção Nacional
O cinema português encontrou lugar cativo no Batalha, à boleia deste ciclo que a cada quinzena irá partilhar algumas das melhores fitas nacionais, com o apoio da Cinemateca Portuguesa. Entre Maio e Julho, a proposta anda à volta do humor nacional, numa tentativa de contrariar a ideia de que a “comédia à portuguesa” das décadas de 1930 e 1940 foi a época de ouro. Este mês, são exibidos os filmes O Rei das Berlengas (1978), de Artur Semedo, uma sátira histórica e mitos fundadores de Portugal, onde D. Lucas Telmo de Midões (Mário Viegas) reclama a independência das Berlengas; e Recordações da Casa Amarela (1989), de João César Monteiro, a primeira de uma trilogia onde o cineasta interpreta João de Deus.
15 e 29 de Maio. Bilhete: 5€
Jane Campion, Sem Cedências
Arrancou a 2 de Maio, mas ainda tem força nas canelas. Até 16 de Junho, prossegue a retrospectiva da obra da neozelandesa Jane Campion, vencedora de dois Óscares pelo argumento do filme O Piano (1994) e realização de O Poder do Cão (2021). Se for a correr ainda apanha a sessão de O Piano, a 2 de Maio, num mês que conta ainda com a exibição dos filmes Sweetie (1989), The Lady Bug (2007), The Portrait of a Lady (1996) e Holy Smoke (1999).
2, 8, 11 e 25 de Maio. Bilhete: 5€
Cenas do próximo capítulo...
Em Junho, o cinema não pára e sai fora de portas. O ciclo Oásis regressa à Praça da Batalha com sessões de cinema ao ar livre, e de acesso gratuito. Este ano o tema é Uma Noite Americana, ou seja, conta com filmes de culto que remetem para a paisagem nocturna dos Estados Unidos da América. E aponte: no Dia da Criança, a 1 de Junho, será novamente exibido o filme Os Amigos do Gaspar: Uma Reunião na Cidade (2023), de Duarte Coimbra.
Batalha Centro de Cinema. Praça da Batalha, 47.
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