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Surgiu em 1978 por iniciativa do pintor Jaime Isidoro (1924-2009) como lugar de encontro, debate e investigação da arte contemporânea. Mas, à ambição de apresentar e divulgar as práticas artísticas correntes, acrescia uma bem mais exigente — descentralizar a cultura e a arte e democratizar o acesso do público a estas áreas. Desde então, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira tem tido um papel fulcral na projecção e reconhecimento de artistas nacionais e internacionais e na afirmação da arte como motor de transformação social, económica e cultural do território.
Este ano, a mais antiga bienal de arte do país e da Península Ibérica ganha mais um canal de comunicação e interacção com artistas e visitantes. Devido ao distanciamento social imposto pela pandemia, a bienal de Vila Nova de Cerveira acontece pela primeira vez em formato duplo, presencial e virtual, a partir de 1 de Agosto. “Tudo o que for desenvolvido [fisicamente] nesta bienal vai estar patente no digital”, afirma António Cabral Pinto.
O director artístico assegura que “o modelo original vai ser mantido”, apenas repartido por duas plataformas. Nesse sentido, o programa integra exposições, conferências, intervenções artísticas, conferências e projectos curatoriais, mas o concurso internacional continua a ser “o grande interesse do evento”. Sob o tema Diversidade e investigação. O complexo espaço de comunicação pela arte, a bienal reúne 92 obras de 80 artistas de 16 países, que questionam a forma como a arte se relaciona e dialoga com quem a vê.
Os trabalhos, seleccionados entre 740 obras de 451 artistas de 40 países inscritas, incluem desenho, gravura, pintura, escultura ou performance, e reflectem sobre a relevância da diversidade de linguagens e discursos artísticos na compreensão da arte. Estarão representados, também, artistas convidados, como Agostinho Santos, Ana Vidigal, Beatriz Albuquerque, Pedro Calapez, Silvestre Pestana, Zulmiro de Carvalho, José Emídio, entre outros. Alguns destes também “serão objecto de selecção para premiação”.
É no Fórum Cultural de Cerveira que a XXI Bienal encontra o seu poiso central, mas vai estender-se, como habitual, pelo norte do país, com pólos expositivos em Viana do Castelo, Vila Praia de Âncora, Alfândega da Fé e Monção. Fica de fora, excepcionalmente, o espaço de exposição dedicado à investigação e ao trabalho desenvolvido nas escolas de arte. O projecto passa para 2021, “intercalando os anos de bienal”.
No plano virtual, os visitantes poderão aceder a visitas guiadas das exposições, entrevistas gravadas nos ateliês dos artistas, filmagens de intervenções artísticas ou conferências. Os eventos complementares das exposições poderão decorrer em simultâneo dentro e fora do ecrã, com um misto de presenças físicas e virtuais. “Não será a norma, mas pontualmente teremos alguns artistas aqui para algumas actividades”, revela Cabral Pinto.
Em Novembro, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira ficou excluída de apoios da Direcção-Geral das Artes, decisão que exigiu maior esforço por parte do município de Vila Nova de Cerveira e levou a organização a reduzir o espaço expositivo (circunstância reforçada pela pandemia). Mas, se a configuração é outra, a missão é a mesma: mostrar que a arte trespassa muros e fronteiras.
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