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Pelos corredores de um edifício dos anos 40, decorado a rigor com todo o tipo de néones e letras de músicas, ecoa uma cantoria desenfreada. Não se vê quem está ao microfone, mas ouve-se cantar, a plenos pulmões, clássicos da música portuguesa, hits do momento e músicas intemporais que quase nem precisam da ajuda da letra no ecrã. Estamos no Bokkusu Karaoke Box, um espaço de karaoke com salas privadas e confortáveis. E deixámos a vergonha à porta.
Escolhemos a Disco Fever, uma das sete salas temáticas que existem, com bolas de espelho penduradas no tecto e luzes néon que vão alcançando todo o espaço, com uma lotação máxima de 12 pessoas. Depois de uma breve explicação de Rúben, que nos vai dando assistência sobre como tudo funciona (e que, a dada altura, até cantou umas músicas connosco), a animação começa mal a porta da sala é fechada, sem julgamentos ou receios, nem vozes afinadas. Mas isso é o que menos importa. No tablet colocado ao lado da televisão, há cerca de 100 mil músicas para escolher, que abrangem todos os géneros musicais, e caso precise de uma pausa entre actuações, há bancos para se sentar e bebidas frescas para refrescar as gargantas.
Mas uma coisa é certa, na hora de dar tudo no karaoke há dois tipos de pessoas: as que são extrovertidas por natureza e não se importam de cantar alto e bom som em frente a todos, e as que se sentem constrangidas e se deixam acanhar perante o público que têm à frente. Foi sobretudo a pensar nestes últimos que Joana Duarte e mais três amigos trouxeram para o Porto um conceito de karaoke alternativo, de origem japonesa, que permite cantar em salas específicas com um grupo de amigos ou família. O Bokkusu Karaoke Box chegou à rua do Bolhão no início de Outubro, cheio de vontade de pôr os portuenses a cantar sem vergonha.
“Estávamos de férias num resort que tinha alguma animação e começámos a falar entre nós sobre isto. Há algum tempo que dizia que achava que o karaoke era giro. Há muita gente que gosta de cantar, mas que não tem coragem de ir lá para a frente por ter muito público a olhar. E percebemos que faltava uma coisa diferente no Porto”, explica à Time Out Joana Duarte, uma das fundadoras do Bokkusu. Os quatro mentores, que vêm de áreas diferentes, desde a comunicação à engenharia e economia, juntaram-se agora para um projecto em comum.
Já conhecendo o conceito original japonês da karaoke box, o grupo decidiu experimentar a sua versão europeia, uma vez que vai mais ao encontro das características do público português. O projecto acabou por ganhar espaço num edifício antigo no Porto, sendo que a decoração mantém algumas das características originais do prédio, como as escadarias, e é também inspirada nos teatros da cidade. “Quisemos dar um toque europeu e especificamente portuense, ir buscar coisas vintage, mas também manter um pouco da história do edifício. Também temos néones por causa do conceito japonês. No fundo, quisemos ir beber um bocadinho a cada um, mas manter tudo muito português e muito europeu”, explica a responsável.
No total, o espaço conta com sete salas temáticas para karaoke, cada uma com um ambiente diferente: a Disco Fever, que aconselhamos vivamente; a Casa da Avó, com uma decoração que regressa à infância e revive os melhores momentos numa típica casa de avó portuguesa; a Nostalgia, decorada com os clássicos que nunca saíram de moda; e a Sakura, com um cenário mágico e sereno, sob a luz suave das lanternas japonesas. Conte ainda com a 80’s, a sala ideal para relembrar os hits que marcaram uma geração; a Hall of Fame, uma sala para dividir os hits com os vários ídolos; e ainda a sala Blues & Jazz, que recria a atmosfera vibrante e acolhedora de um clube deste género musical.
Cada sala tem capacidade para um número específico de pessoas, sendo que as maiores podem receber até 12 participantes. Quanto aos preços, variam entre os 9€ e os 15€ por pessoa, dependendo da capacidade, do horário escolhido e do tempo que vai estar na sala (a duração mínima é de uma hora e meia). Apesar de a decoração e tema de cada sala serem diferentes, as cerca de 100 mil músicas disponíveis em 40 línguas que existem no software são comuns a todas as salas, e há desde música portuguesa aos maiores hits internacionais e intemporais, num acervo que é constantemente actualizado.
Mais conforto e privacidade
O Bokkusu Karaoke Box é, para já, o primeiro local do género a surgir no Porto e, conta Joana, tem recebido maioritariamente público português. “O nosso receio era que as pessoas o estranhassem ou achassem que isto era para turistas. Queríamos muito que elas viessem cá, porque a cidade sempre teve bares de karaoke e as pessoas do Porto até são muito extrovertidas e gostam muito de conviver e cantar”, conta.
Além do karaoke, cada sala tem disponível um serviço para pedir bebidas e estas são servidas em lata na própria sala. “A nossa ideia não é ser um bar, até porque achamos que a cidade também já tem bastantes bares e não era preciso mais um. Quisemos fazer uma coisa que fosse servir os nossos clientes, mas sem ser um bar”, sublinha Joana. Em breve, haverá também petiscos, para que não falte nada na hora de se divertir.
Enquanto pelos vários corredores do Bokkusu já se vai ouvindo a música e a cantoria, lá dentro há diversão garantida e, para muitos, o conforto e a privacidade necessária para perderem o receio ou a vergonha. “As pessoas sentem que ali conseguem estar à vontade, levam para lá quem querem e estão ali dentro, confortáveis, conseguem cantar sem receios. É um sítio em que as pessoas ficam confortáveis para se sentarem e para se divertirem”.
Rua do Bolhão, 146 (Porto). Ter-Qui, 16.30-00.30, Sex-Sáb, 17.00-01.00. 9€-15€
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