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Cinco quilómetros de saúde e diversão. O Can Run Club é o novo clube de corrida do Porto

Pelas mãos (ou pés) de uma jovem, a tendência dos clubes de corrida chegou à cidade. Acontecem em localizações diferentes, sempre ao sábado.

Escrito por
Adriana Pinto
Can Run Club Porto
© @porto.canrunclubAs corridas são sempre ao Sábado
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Deitar cedo e cedo ir correr, dá saúde e faz crescer. Potencializados pelas redes sociais, os clubes de corrida são uma tendência recente em várias metrópoles pelo mundo inteiro, especialmente dentro das camadas mais jovens. A saúde é, claro, um dos focos, mas há outros interesses nos “run clubs” da actualidade, como o convívio e, até, a procura pela cara-metade.

O Can Run Club não é excepção. Foi no final de 2023 que Mia Santos, de 23 anos, decidiu trazer esta moda desportiva até ao Porto. Inspirou-se no Tik Tok e foi lá que começou a publicitar as corridas conjuntas. “Na primeira apareceram três pessoas, além dos meus amigos, claro”, conta-nos a fundadora do clube.

Agora, são mais de um milhar na comunidade do Whatsapp e aparecem às dezenas na corrida semanal. Vêm porque o amigo vem; porque viram nas redes sociais ou pela paixão pela corrida. Geralmente, regressam. “Há pessoas tão habituais que já confio nelas para me ajudarem, por exemplo, a gerir o grupo [no Whatsapp] ou a dar o aquecimento”. Para Mia, a meta do Can Run Club é precisamente essa: estabelecer laços e proporcionar um momento comunitário a todos os envolvidos.

Can Run Club Porto
© Can Run ClubAs corridas acabam num café, habitualmente

A corrida está marcada para as 10.30 e, por volta das 10.00, os mais aficionados começam a chegar, já em passo de corrida. Mia sabe o nome de todos e apresenta os atletas uns aos outros. “Hoje há snacks e aula de alongamentos no final”, informa entusiasmada. É a jovem quem trata de todas as tarefas administrativas do clube — agenda, parcerias, redes sociais e gestão de comunidade. Mas fá-lo por gosto. Além da felicidade em ver o colectivo que criou crescer, Mia sente-se feliz consigo. “Desde que comecei o clube, desenvolvi uma paixão muito grande por correr. Até participei na meia-maratona, há uns dias”, conta a fundadora, “e correr com companhia é mil vezes melhor”.

Minuto a minuto, o número de pessoas no ponto de encontro aumenta até à hora de arranque. Se vê alguém sozinho, Mia aproxima-se ou chama — “Então, como te chamas? É a tua primeira vez, não é?”. A jovem, formada em Psicologia, fala-nos dos benefícios do clube não só a nível físico, mas também mental. “Sei que parece clichê, mas é verdade: a nossa geração passa muito tempo no telemóvel, estamos a perder o hábito de socializar e a ficar mais fechados. Eu quero combater isso”, diz à Time Out.

O Can Run Club é direccionado a jovens dos 18 aos 35 anos, mas qualquer um é bem-vindo, basta aparecer. São sempre cinco quilómetros de vai e vem, precisamente de maneira a que as corridas sejam acessíveis a todos. Do rato de ginásio, ao gato de sofá.

Can Run Club Porto
© @porto.canrunclubJá são mais de um milhar no grupo

Aquecimento feito, dezenas de pessoas arrancam pela zona do Bessa fora. Dá-se uma divisão que relembra as aulas de Educação Física: na frente, os jocks, de braçadeira posta, respiração controlada e uma perna às costas. Pelo meio, os alunos regulares, a passo moderado, felizes em encontrar um eventual vermelho na passadeira. Para o final, ficam os “felizes em participar”, em passo de caminhada, mais interessados no trabalho da língua. O que importa é, justamente, participar. Quem já deu a volta, expressa palavras de força e oferece high fives. No ponto de chegada, todos esperam uns pelos outros.

Neste sábado, os snacks proteicos e o espaço foram oferecidos por parcerias. Mas, normalmente, o ponto final das corridas, que costumam acontecer na Foz ou em Matosinhos, ao longo da praia, acontece num café à escolha.

Por vezes, as corridas são ao sábado à tarde, ao invés de serem na parte da manhã, a pensar em quem trabalha ao fim-de-semana. No entanto, Mia prefere o horário matinal. “Gosto de mostrar às pessoas que vale a pena não sair sexta à noite”, diz, entre risos, “e que têm aqui um espaço onde podem conhecer pessoas fora do contexto nocturno”.

A jovem não receia que o clube afecte a sua vida profissional, pois fá-lo por paixão e porque “há sempre alguém para ajudar”. No futuro, pretende criar variantes de corrida diferentes, com mais quilómetros, por exemplo, e em dias diferentes, mas a corrida de cinco quilómetros ao sábado estará sempre garantida, para manter o clube acessível a todos. Resta calçar as sapatilhas, colocar o chapéu e arrancar.

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