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Os serviços da Cinemateca estão suspensos desde Março, mas a programação online tem vindo a ser reforçada com filmes portugueses, ensaios sobre o cinema e até conteúdo para os mais novos. Recentemente foi anunciada a abertura de “uma nova frente de contacto”, que contempla uma série de longas-metragens do cinema português.
A Cinemateca Portuguesa anunciou no domingo o reforço da programação online através do “acesso em linha” à Cinemateca Digital, onde vão ser disponibilizados temporariamente tanto filmes portugueses em alta-definição como um conjunto de peças cinematográficas dedicadas ao 25 de Abril, como o documentário As Armas e o Povo (1975). Mas há mais. Além da inauguração de várias iniciativas para os miúdos, a Cinemateca promete dar a conhecer colecções de objectos da história do cinema, bem como apresentar reflexões suscitadas por itens do acervo do Centro de Documentação e Informação.
“Tudo isto será lançado no intervalo em que as nossas salas de projecção serão mantidas no silêncio, aguardando a reabertura a fazer em data ainda incerta”, segundo o director José Manuel Costa. “Em relação a todos os programas suspensos, a nossa escolha foi então a de aceitar a sua interrupção ou o seu cancelamento na data prevista, não desistindo de vir a realizar qualquer um deles quando tal se revelar possível, e não transpondo para a comunicação em linha (e, aí, necessariamente de forma parcial, simbólica ou travestida) o que foi pensado para a sala e que temos a intenção de fazer na sala.”
Das propostas referidas, destaca-se o ciclo de longas-metragens do cinema português, disponibilizadas apenas temporariamente. Esta semana poderá ver Lisboa, crónica anedótica (1930), de José Leitão de Barros, e Os verdes anos (1963), de Paulo Rocha. Já disponíveis estão também os registos de uma das apresentações do Fabuloso Espectáculo de Lanterna Mágica do Professor Mervyn Heard, especialmente concebido para os mais novos, e de objectos pré-cinema que fazem parte da colecção da instituição.
Encontram-se actualmente mais de 800 filmes na Cinemateca Digital, fundada em 2011 a propósito da participação portuguesa no projecto internacional European Film Gateway, com a disponibilização de mais de uma centena de filmes, material gráfico e textos de época ou posteriores da história do cinema. O acesso à colecção pode fazer-se mediante pesquisa no catálogo ou por navegação através dos índices.
“A vontade de incrementar o acesso ao arquivo da Cinemateca por todos aqueles que nos possam seguir à distância, ou de organizar acontecimentos específicos para esta comunicação à distância, é uma vontade complementar, que não preenche a lacuna gerada pelo silêncio das salas, que é no fundo a da plena experiência do cinema”, acrescenta José Manuel Costa. “Que o apagamento da sala nos leve então a pensar ainda mais nas emoções que só nela podemos viver. E quando, mais tarde, em plena segurança, pudermos voltar a usufruir desses espaços, que os saibamos ainda mais valorizar e defender.”