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Numa edição que volta a ser “bastante política” e de olhos postos nos desafios do mundo actual, a 48.ª edição do FITEI - Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica acontece entre 14 e 25 de Maio. A crise climática, as migrações, as guerras, a perda do sentido comum e a saúde mental são alguns dos temas que vão ser reflectidos através da arte, numa edição que tem como mote “Espectros, Eros e Sacrifício”. No total, há 16 espectáculos em cena – dez deles em estreia – e além dos palcos já habituais nas cidades do Porto, Vila Nova de Gaia, Matosinhos e Viana do Castelo, o FITEI chega, pela primeira vez, a Monção.
Com o objectivo de promover o teatro e as artes performativas, o FITEI acolhe obras clássicas e contemporâneas, bem como novos projectos de carácter experimental e transdisciplinar. Esta edição conta com seis estreias nacionais e quatro absolutas e pretende ser ainda mais focada no contexto actual do mundo. “É com isto que nos deparamos diariamente e é assim que os artistas que convocamos usam e reagem a estas ameaças. Eles usam, muitas vezes, o corpo, a palavra e a poesia para reagir às ameaças. É, obviamente, mais uma edição bastante política, muitas vezes através da intimidade”, sublinhou Gonçalo Amorim, director artístico do festival, durante a conferência de imprensa de apresentação do programa, que decorreu esta terça-feira.
O festival arranca a 14 de Maio no Teatro Carlos Alberto (TeCA), com a estreia de Vampyr, o terceiro volume de uma trilogia construída por Manuela Infante e uma peça que “oferece um olhar complexo sobre o cansaço e a energia, sobre o trabalho e o descanso, numa obra de humor negro e delirante, sobre a relação com os animais não humanos que habitam os nossos territórios e a forma como nos relacionamos com as suas culturas”, refere a organização em nota de imprensa. É, nas palavras de Gonçalo Amorim, “uma obra dedicada à alma e ao que anda cá dentro”.
Ainda no mesmo dia, no Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, a artista portuense Aura vai apresentar Sexo e Morte: Entre Estados Líbidos e Liminares, uma obra que explora questões ligadas ao prazer e à morte, dividindo-se em duas salas: uma “dedicada ao sexo, ao bondage e a uma experiência sensorial de performance para um espectador individual” e outra sala “dedicada à morte, num espaço de realidade virtual que é uma espécie de agência funerária imaginária”.
Outra das peças em destaque no FITEI, nos dias 15 e 18 de Maio, é Furo Lento, de Rui Paixão, que traz ao palco do TeCA um olhar não optimista do futuro. O artista usa o teatro físico e o circo para criar um espectáculo sobre a futura inabitabilidade do planeta e a ideia obscena de colonização espacial e, no dia 13, pelas ruas da cidade do Porto, vai apresentar também Kinsi - Walking Art Performance. Já nos dias 15 e 16 de Maio, a directora artística do Teatro Nacional da Catalunha, Carme Portaceli, traz ao palco do Teatro Nacional São João a peça Anna Karénina, uma das histórias mais famosas da literatura.
Mais teatro, exposições, conversas e workshops
De regresso aos palcos do Grande Porto está Monólogo de uma mulher chamada Maria com a sua patroa, uma peça de Sara Barros Leitão que vai ser apresentada no Auditório de Gaia, a 16 e 17 de Maio. O espectáculo parte da criação do primeiro Sindicato do Serviço Doméstico em Portugal para contar a história, ainda pouco conhecida e pouco contada, do trabalho das mulheres, do seu poder de organização, reivindicação e mudança.
Em estreia nacional e numa co-produção FITEI, chega também ao Teatro Rivoli, no dia 17 de Maio, um espectáculo que fala sobre a loucura do amor. Kill Me, da artista argentina Marina Otero, constitui a continuação das peças Love Me (2022) e Fuck Me (2020) e integra parte do projecto "Remember to live", em que a artista se propõe a apresentar diferentes versões de obras até ao dia da sua morte.
A segunda semana do FITEI arranca com Alberto Cortés, um dos grandes artistas espanhóis do momento, que traz Analphabet ao Rivoli, nos dias 21 e 22 de Maio. O artista regressa ao festival para explorar a sua história pessoal e “abrir uma caixa de violência intra-género, expondo a necessidade de cuidados extremos nas relações queer, marcadas pela herança patriarcal”.
Outro dos destaques deste festival é a Gaivota, um clássico de Tchekhov que ganha uma nova vida nas mãos do encenador argentino Guillermo Cacace e que pode ser visto a 22 e 23 de Maio no Teatro Nacional São João e a 25 de Maio no Teatro Sá Miranda, em Viana do Castelo. Já a 22 de Maio, no Teatro Campo Alegre, o Colectivo Cuerpo Sur estreia Última Esperança, um espectáculo sobre "o não ver" e que no dia 24 é também apresentado, pela primeira vez na história do festival, em Monção, no Cine-Teatro João Verde.
A 48.ª edição do FITEI encerra com Popular, de Sara Inês Gigante, um espectáculo que será apresentado no Teatro Campo Alegre, nos dias 24 e 25 de Maio, com a criadora e intérprete portuense a pretender ser uma artista popular e a desafiar os padrões do panorama cultural e do universo popular.
Além de todas estas peças, o festival conta ainda com várias residências artísticas, exposições, conversas e lançamentos de livros e ainda workshops abertos à comunidade, sendo que a programação completa pode ser consultada na página do FITEI, onde também encontra os bilhetes à venda.
Vários locais. 14-25 Mai.
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