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Amarante tem boas novas para celebrar. O Largo do Paço, o restaurante do hotel cinco estrelas Casa da Calçada, que tem estado fechado para obras e que por isso acabou por perder a estrela Michelin, terá Francisco Quintas a comandar a sua cozinha, o mais jovem chef português a conquistar uma estrela, feito alcançado este ano para o 2Monkeys, juntamente com o chef Vítor Matos. Ao que a Time Out apurou, o restaurante deverá abrir no final do ano.
Francisco Quintas, de 25 anos, sucede assim a Tiago Bonito, o último chef do Largo do Paço antes do fecho do hotel no início de 2023 para remodelações e para quem trabalhou, neste mesmo espaço, aos fins-de-semana, enquanto estudante. Francisco regressa agora a um local que o viu crescer enquanto cozinheiro com duas novas missões: a de criar uma nova carta para o restaurante e a de reconquistar a estrela Michelin – recebida pela primeira vez há 20 anos, sob a batuta do chef Cordeiro, e perdida no ano passado.
“Conquistar uma estrela Michelin é um objectivo pessoal e do restaurante, claro, e vamos trabalhar para isso, com muito foco, muita visão, muita dedicação, muito trabalho e humildade”, confessou o chef em comunicado de imprensa enviado às redacções. Francisco Quintas aproveitou também para mostrar qual será a sua linha de acção. “A cozinha do Largo do Paço vai ser muito preocupada com a qualidade do produto. Cada vez mais o cliente que procura este segmento quer ter um bom produto, trabalhado com boa técnica e muita criatividade”.
Trabalhar ao ritmo das estações e com os melhores produtos são duas premissas das quais o chef não abdica e conta que, apesar de guardar com carinho os sabores de infância, como o pão tradicional que a avó e as tias faziam e a chanfana preparada nas festas de família, a sua cozinha espelha influências de todo o mundo. “Já viajei muito e isso nota-se sempre no que faço e no produto final que chega ao cliente”, lê-se ainda na nota de imprensa.
A cozinha francesa é a que mais pesa no seu receituário e a que mais impacto tem na sua cozinha. “Nota-se ao nível dos bons molhos, naquela ideia de molho no prato, tudo à volta de texturas, dos sabores profundos, dos cozinhados lentos. Isso é um pouco a minha cozinha. Foi nessa linha de cozinha que cresci, com a influência dos vários chefs com quem trabalhei”, acrescenta.
Nascido em Miranda do Corvo, aos 16 anos viajou sozinho para o Reino Unido. Foi absorver tudo o que a cozinha do Chiltern Firehouse, em Londres (onde o chef Nuno Mendes também trabalhou), tinha para lhe ensinar. Antes de voar para o Boury, na Bélgica, com três estrelas Michelin – a distinção máxima do guia –, passou também pelo Aquavit London, hoje encerrado. No seu currículo conta ainda com passagens pelas cozinhas do De Librije, na Holanda, com três estrelas Michelin e uma estrela verde, e pelo Likoké, em França, com uma estrela, onde se tornou sous-chef.
Em Lisboa, o seu percurso acabou por terminar de forma inesperada. Quatro meses depois da estrela Michelin, o 2Monkeys, no hotel Torel Palace Lisbon, perdeu toda a equipa. Na altura, Francisco Quintas confessou ter um novo projecto em mãos, mas não quis adiantar detalhes. Para o seu lugar, em Lisboa, e para fazer dupla com Vítor Matos, entrou Guilherme Spalk.