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Arrancou em 2021 e continua, até hoje, a fazer as delícias das famílias poveiras e de todos os que até lá se deslocam para provar o grande leque de opções de padaria e pastelaria, que todos os dias oferecem. Três anos depois, a demanda popular ganhou e a Bicho fez a sua bipartição bacteriana, duplicando-se num novo espaço, o número 72 da Rua do Breiner.
Na sua fachada envidraçada, as portas estão abertas. Dentro, nem parece que o espaço abriu há pouco mais de uma semana. Os clientes enchem as mesas e não podiam ser mais diferentes. Há o grupo que vem tomar café durante a pausa laboral (e comer um docinho, que não pode faltar); o trabalhador remoto que opta pelo almoço tardio; o típico casal; e as famílias com filhos, público muito estimado pela gerência.
“Quando abrimos na ‘bolha’ da Póvoa, alguns residentes ficaram confusos com o conceito; tínhamos de explicar várias vezes como funciona a fermentação natural, por exemplo, mas sempre de bom grado”, conta-nos Teresa Justo, sócia-gerente, acrescentando que ao longo do tempo foram "cultivando a proximidade com essas pessoas, que se tornaram clientes habituais. É isso que ambicionamos criar aqui também”.
A Bicho mora agora no coração de uma das zonas alternativas do Porto, em Cedofeita. Sentados numa mesa da entrada, Teresa e António Pedro, outro dos sócios – o terceiro, Pedro Neves, estava na Póvoa, a gerir a operação – acenam e agradecem aos clientes que se dirigem à saída.
Houve intenções de abrir em Matosinhos, num espaço mais pequeno e “mais fácil de gerir, só em regime de pegar e levar”, conta-nos Teresa. Essa, pelo menos, era a sua intenção. No entanto, por obra do destino, esse negócio caiu, abrindo a janela para outros locais e para outros sonhos maiores.
Num espaço aberto, grande e airoso, genuíno na sua ‘nudez’, a Bicho Porto despe-se de etiquetas e presunções. “Eu mesmo dirigi o projecto do início ao fim. Antes estava aqui um atelier de conservação e restauro, então, não havia qualquer preparação para cozinha, mas com força de vontade e paciência conseguimos”, conta António Pedro, cuja vontade sempre fora de abrir uma casa maior. “É muito importante para nós que o espaço reflicta quem somos”, acrescenta.
A carta em ambos os espaços é vegetariana, com opções vegan e isentas de glúten, mas essas não são bandeiras que a gerência queira particularmente hastear. A principal mensagem que pretendem passar é a da qualidade dos ingredientes e do cuidado na sua colheita. “Estamos sempre à procura de novos produtores; novas maneiras de tornar o nosso negócio o mais sustentável e o mais biológico possível”, conta-nos Pedro.
A carta de almoço (disponível das 12.00 às 15.00) é mensal, discutida em grupo e sempre decidida com base nos ingredientes da época. Neste mês de abertura, para começar, há sopa do dia (2€), foccacia com caponata (7€) e salada de feijão-verde, cenoura, tomate e caju torrado com molho de tahini e lima (7€). Nos pratos principais, brilham a tortilha de batata e chucrute, verdes e tomate fermentado (9€); a salada de feijões com pimento assado, pesto de agrião e pão (11€); e o bulgur com tomate e cebola roxa assados, iogurte e harissa (11€). Para terminar, prove um especial de Verão bem fresquinho: o tiramisù (3,50€).
Os pratos são leves, mas este Bicho não deixa de ser papão. Fora a carta mensal, há muitos outros bolos e doces para provar. No dia em que visitámos a Bicho, a selecção incluía bolachas de chocolate negro (2€), bolo de cenoura (3€), tarte de queijo (3,50€) e éclair de avelã (2,50€), além da edição de Verão da rabanada, feita com pão brioche, pêssegos assados, mascarpone e mel, amêndoas e raspa de limão (8€).
Não há padaria sem pão
O brioche é caseiro, claro, e de fermentação natural, preparado com cuidado na fábrica da Póvoa e transportado todos os dias, ainda fresquinho, para o espaço portuense. Pode vir buscá-lo ou encomendá-lo (6€/600g ou 3,50€/300g). Os pães de trigo e trigo integral (4€/kg) também são feitos diariamente, mas nos outros dias há outras opções. À quarta-feira, por exemplo, há pão de arroz (3,50€/750g), ao sábado fazem focaccia (preço variável) e ao domingo vendem pão de batata-doce (3,90€/750g).
Para acompanhar, além das bebidas regulares, como a limonada (2,50€) e o sumo de laranja (3€), servem kombucha (3,50€) e cerveja de pressão (2€), assim como vinho da casa a copo (3,50€). O café também é de especialidade e fica a cargo de baristas especializados.
Apesar de ainda estarem a dar os primeiros passos, não faltam sonhos e projectos para o futuro. Primeiro querem aumentar a fábrica, para dar resposta à procura crescente. Depois, gostavam de “ter uma quinta, para fazer produção própria”.
Rua do Breiner 72, Porto, Portugal 4050-172. Qua-Sex 10.00-18.00. Sab-Dom 10.00-16.00
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